O que você acha da minha ideia de indicar algum som que curto em cada postagem do Cotidiano Cego?

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

HÁ SEMPRE UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL!

Faaaaaaaaaala galera!

Há sempre uma luz no fim do túnel.

Tudo bem... eu nunca vi... Mas tem. kkkkkk.

Acabo de ler uma notícia que me deixou muito feliz! sinceramente.

É sempre bom, em meio ao coitadismo que nos é imposto pela sociedade,
por meios de comunicação sensacionalistas, ver uma iniciativa como
essa.

Tá André. E desde quando você vê alguma coisa?... Bom.... Então.. Kkkkk.

vou colocar o link direto para a reportagem e, logo abaixo, a mesma na íntegra.

http://carpress.uol.com.br/noticias/item48436.shl

a fonte é a coluna Carpress, do UOL.

Honda bate recorde de vendas para deficientes


da Redação

A Honda vendeu em 2013 mais de 10 mil veículos para deficientes, o que
representa um aumento de 62% em relação a 2012, até então o melhor ano
de vendas nesse segmento. Segundo a empresa, o resultado se deve ao
programa Honda Conduz, voltado a esse público.




Desde 1997 a marca já vendeu mais de 62 mil automóveis em todo o país.
Entre os atributos dos modelos Honda que garantem o sucesso nas vendas
para portadores de deficiência, estão conforto, opção de câmbio
automático, amplo espaço interno e capacidade do porta-malas,
característica fundamental para cadeirantes, por exemplo.

Programa Honda Conduz - foto Divulgação
Logo do programa Honda Conduz

Outro importante é o atendimento exclusivo oferecido pelas
concessionárias. Em 2013 a Honda concluiu a certificação de 100% da
rede de acordo com uma série de exigências. Além de vendedores
treinados e informações sobre a legislação de isenção no site, a
revenda deve ter vagas de estacionamento demarcadas, rampa de acesso e
banheiro adaptado, conforme determinam as normas brasileiras de
acessibilidade.

As avaliações para certificação são realizadas anualmente por
representantes da empresa. Os itens são analisados e, caso a
concessionária deixe de cumprir algum requisito, o certificado é
revogado. "Esse perfil de consumidor busca mais independência e os
nossos modelos podem ajudá-los a ir e vir com conforto e praticidade",
afirma Robson Jeronimo, gerente de vendas especiais de concessionária
Honda, que é cadeirante.

PARABÉÉÉÉÉÉNS HONDA!

É sempre bom quando uma empresa consegue enxergar as pessoas com
alguma deficiência como um nicho de mercado.

Essas empresas não são cegas. A Honda não é cega... A Apple e a
Samsung também não, embora alguns consumidores dessas últimas
sejam........

acho que até mesmo as empresas geridas por cegos conseguiriam enxergar
isso. kkkkkk. bastaria um pouco de boa vontade.

Mas, voltando a falar sério, os exemplos que citei são de empresas que
nos enxergam como consumidores, lucram, como toda empresa e se
comprometem a oferecer atendimento de qualidade.

No caso da Apple em si, o custo de seus produtos não os torna viável
para a maior parte das pessoas em países como o Brasil, por exemplo.
Mas, a possibilidade de uso está aí.

Parabéns Honda, Samsung e Apple em optar pela possibilidade de uso dos
seus produtos por pessoas com deficiência, em vez da caridade para
dedução nos impostos.

E o mais legal nessa história da Honda é uma citação onde eles dizem:
"Nossos modelos podem trazer mais independência para essas pessoas".

Isso significa que, o mesmo carro utilizado por várias pessoas
descadeiradas........ Bom.... foi o termo que eu resolvi usar para não
cadeirantes. kkkkkkkk. Em fim: alguns desses modelos possibilitam ao
cadeirante uma direção confortável e independência. Ou seja: Não se
optou pela ideia ridícula de criar um carro exclusivo para cadeirante.

Mesma coisa na Apple e na Samsung.

Os mesmos celulares, tablets, Ipods etc. que são utilizados por
qualquer pessoa, podem também ser usados por cegos, surdos, pessoas
com dificuldade motora, etc..

Parabenizo, não só essas iniciativas do meu conhecimento, como
qualquer outra que leve a sério a ideia do desenho universal.

A Sony também já está caminhando nesse sentido.

tudo bem. Meu celular é dessa empresa e por isso sei que de vez em
quando eles dão umas pisadas na bola nesse sentido e depois corrigem.
Mas, acho normal em quem está começando.

E para continuar no clima de sexta-feira, vou desenterrar mais uma música. Rs.

A artista escolhida por mim hoje é uma que eu adoro. A voz dela é
muito legal, canta pra caramba..... de quem eu to falando?

Donna Summer.

Sim. Tem gente que deve me achar muito novo pra gostar de Donna Summer
e outros, já vão me achar velho. kkkkkk.

Mas, o que importa.

segue a que pra mim, é uma das melhores músicas dela.

http://www.youtube.com/watch?v=zt10ydFdUQc

Ótimo fim de semana, galera!

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

CEGO EM SITES DE PAQUERA.

Faaaaaaaaala galera!

venho aqui cumprir minha promessa.

Ontem, prometi que hoje, sexta-feira, iria falar sobre as minhas
experiências quando acessava com mais frequência sites de paquera.

Parei praticamente de fazer isso por descobrir que 90% das pessoas
encontradas nesses sites são loucas, problemáticas, traumatizadas e
muitas vezes deprimidas e com baixa autoestima.

E o pior: Muitas das pessoas deprimidas não se conscientizam disso
para buscar um tratamento, e, algumas até se fazem de deprimidas para
se vitimizar.

Mas, não é todo mundo.

Fiz muitas amizades legais nesses sites também e até.... bom... Não
vem ao caso o até.... kkkk.

Mas antes de começar, vou indicar uma música.

aliás, o que foi feito da Amelinha?

Não vou indicar "Foi Deus Quem Fez Você", Nem "Frevo Mulher".

são músicas muito bonitas, é verdade.

Mas, tocam em qualquer rádio de MPB por aí e em shows de barzinhos também.

Vou indicar uma música que, para mim, é a mais bonita dela.

Grande intérprete! Todas as suas letras são lindas. Mas essa
aqui....... Segue o link:

http://www.youtube.com/watch?v=cq-VuCr1Q5k

Agora vamos ao texto.

Numa certa época, queria conhecer como funcionavam esses sites de paquera.

Entrei e vi um mundo totalmente diferente.

Na verdade, talvez eu possa dizer que não vi um mundo totalmente
diferente, pois continuava cego por lá também.

Já passei por Badoo, POF, em fim...

como isso se dava?

Na verdade, eu ia na contramão de 99% das usuárias.

Todo mundo olha primeiramente a foto.

descobri que quando você escreve no perfil 99% das pessoas nem se dão
ao trabalho de ler. Mas eu, lia.

Inclusive uma vez eu achei um perfil de uma pessoa que disse ter
recebido uma mensagem dizendo que gostou muito do que ela escreveu no
perfil.

O problema é que nele não tinha nada escrito. kkkkkk.

O cara vacilou dessa vez.

Mas para mim, naquela altura eu vi uma forma de flertar, paquerar,
mesmo que virtualmente, pois eu poderia observar as pessoas lá e
abordar para uma conversa quem eu achasse interessante.

No dia à dia, a coisa acontece diferente.

A gente precisa que a pessoa se aproxime, ou seja apresentada por
algum amigo para que uma conversa possa fluir e daí você ver qual é.
Se é interessante, se há possibilidade.

Enquanto as pessoas iam pela foto, ia eu pelo perfil, pelo que escreviam, etc.

De tudo se encontrava.

Pessoas com frases banais, pessoas que de forma hipócrita diziam
procurar alguém sincero......... Peguei pesado? Será?

Calma que eu tenho como justificar.

Pegue pessoas que dizem procurar alguém sincero.

crie um perfil, dizendo ser executivo, morar num bairro nobre da sua
preferência,, escolha uma profissão bem remunerada. Eu te garanto que
as pessoas que querem alguém sincero, falarão com você, mesmo sem
saber se tudo aquilo é verdade.

Agora, faça outro teste.

crie um perfil dizendo que é ex-presidiário, acabou de ser solto e,
está procurando recomeçar a vida.

Quantas pessoas vão falar contigo?

Dentre esses dois perfis, quem tem a maior probabilidade de ser
realmente sincero?

e aí essas pessoas hipócritas dizem que procuram alguém sincero?

É. Acho que não são sinceras nem com si próprias. kkkkk.

E já me distraí bastante nesses sites.

Achava alguns perfis, começava a conversar, ou não.

E qual é a reação com relação à cegueira nesses locais?

As mesmas que a gente já conhece.

Num dia chuvoso eu resolvi, sem ter o que fazer, brincar um pouco no Badoo.

A brincadeira era, utilizar o recurso de conversa no escuro do Badoo,
que nem sei o nome.

É assim. Você tecla com uma pessoa durante 3 minutos e só depois a
foto dela é aberta.

Então, resolvi chamar garotas para conversar e, depois dos 3 minutos,
imaginar a cara delas ao descobrir que sou cego. rsrsrsrsrsrs.

Olha..... Foi divertido, confesso.

Como o ambiente virtual é formado por pessoas reais, a cegueira
assusta do mesmo jeito. kkkkkkk.

Outra coisa legal era aquelas que curtiam minha foto e, quando eu
abordava e descobriam que eu era cego, tinham as mais variadas
reações:

bloquear, não responder a mensagem, responder só pra dizer que
responderam, meio naquele tom de: "desculpa! Foi engano!" kkkkk.

Como a Internet não é um telefone e o ambiente não propiciava essa
desculpa, ficavam perdidas, sem saber o que fazer e eu, lógico, dando
corda para ver onde ia e tentando deixá-las mais embaraçadas ainda.
kkkkk.

Mas também haviam aquelas pessoas sem preconceito, que se dispunham a
conversar e, com algumas tenho contato até hoje.

Algumas se sentiam curiosas e até mesmo felizes por não terem sido
escolhidas para uma conversa por causa da foto.

Já me perguntaram inclusive, se por acaso algum amigo escolhia para
mim as garotas com quem eu deveria conversar.

Aí a gente chega a uma conclusão: O fato de uma pessoa escolher alguém
pelo conteúdo em vez da aparência, não entra na cabeça da maioria das
pessoas. Rsrs.

Já passei por situações na minha vida, tanto na adolescência como na
fase adulta, tanto na escola como em outros ambientes, de encontrar
pessoas complexadas, colocando na cabeça que se eu enxergasse, não a
escolheria.... Sério... Tem.

É um círculo vicioso. As pessoas se atraem pela beleza e sentem a
necessidade de atrair por ela, mesmo se tornando interessantes por
fatores muito mais importantes que um corpo.

Constatei o seguinte:

O ambiente dos sites de paquera tem uma particularidade.

Lá se encontram pessoas com dificuldades de encontrar alguém no meio
social comum. Falo meio social comum, pois esses sites não deixam de
ser um meio social.

Os fatores, são os mais variados:

Baixa autoestima, aparência ou complexo com ela, dificuldade no
convívio social e, o mais comum de todos: Timidez.

Sério. Existem pessoas extremamente tímidas, que se sentem mais a
vontade em frente ao computador ou celular.

Muitos cegos devem pensar:
"Vou entrar lá pra que! Poucas pessoas vão falar comigo, existe
preconceito, bla bla bla."

Eu te respondo da seguinte forma:

quantas pessoas, num barzinho ou balada, nem te notam, ou fingem não notar?

Garanto que a quantidade é a mesma.

Importa a qualidade, não a quantidade.

Ah, você também não frequenta o meio social por conta disso?

coitado!

viver na reclusão, só vai prejudicar a si mesmo.

Algumas pessoas podem não se aproximar de você por ser cego e nem se
darem ao trabalho de conhecer e quem sabe desmistificar toda a
desinformação que existe. Isso é fato.

No entanto, isso já acontece contigo diariamente. A diferença é que
muitas vezes você nem percebe.

Estou incentivando os cegos a frequentar sites de paquera?

Não. até porque eu mesmo já não frequento tão assiduamente.

Mas, cada um sabe de si e é uma experiência que certamente algum
aprendizado vai te trazer. Principalmente àqueles interessados no
estudo do comportamento humano.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

CEGOS E REDES SOCIAIS

Faaaaaaaaaala galera!

Estava com os dedos coçando para escrever aqui no blog. No entanto,
não conseguia achar sobre o que postar.

Ontem, ao ver uma postagem de um amigo no Facebook, achei legal
mostrar um pouco da nossa interação com redes sociais.

Antes do tema propriamente dito, vou indicar uma música a qual gosto
bastante. Essa versão ficou show!

http://www.youtube.com/watch?v=qrPexqOR_T8

As redes sociais hoje são responsáveis por grande parte do tráfego na Internet.

começamos com o Orkut. Depois veio Facebook, Twitter, Foursqware,
Instagram, O Whatsapp que virou modinha, além de outras pouco
conhecidas.

Em algumas dessas, a publicação de imagens é praticamente predominante.

E aí? como um cego pode interagir de forma inclusiva nessas redes?

vou mostrar um pouco da minha experiência.

Quem assistiu à reportagem no programa Mais Você, que me deu inclusive
15 minutos de fama, viu como cego utiliza o computador.

Se você ainda não viu, segue o link:

http://www.youtube.com/watch?v=yejLa778GSs

Muitos leitores cegos já viram a reportagem.

Po, André. Tá de sacanagem? Os cegos viram?

to não.

É só pra lembrar algo que já disse aqui.

Não se usa substituição de termos com a pessoa cega.

Muitas pessoas, ao utilizar frases como:

"você viu o filme ontem?";
"Assistiu ao jogo?';
"amanhã a gente se vê."
"A quanto tempo a gente não se vê!", ao se depararem com um cego,
ficam procurando termos substitutivos, como se utilizar as palavras
ver, assistir, etc., fosse um pecado capital.

Isso é errado!

Se no contexto estas palavras são comumente utilizadas, não devem ser
substituídas só porque a pessoa é cega.

vamos agora ao tema propriamente dito.

vou começar pelo Facebook.

Minhas fotos.

quando a pessoa que tirou uma foto na qual estou presente está no meu
Facebook, costumo utilizar um método bem simples:

Ela posta a foto e me marca, colocando uma descrição em texto na
postagem que me permita saber que foto foi aquela e em que momento foi
tirada.

assim, consigo curtir, comentar, ou seja: Interagir sem qualquer problema.

Já nos casos onde quem tirou a foto não está no meu Facebook, se foi
feito no meu celular, renomeio o arquivo com a foto com uma descrição
que me permita saber do que se trata. Exemplo: "André na garupa da
moto.jpg".

se não foi tirada no meu celular, peço para que a pessoa renomeie e me envie.

As vezes isso é necessário em viagens que faço sozinho e preciso pedir
a alguém do local para tirar a foto, seja um guia turístico, ou
pessoa que esteja me auxiliando no momento.

Fotos de outras pessoas.

Primeiramente leio os comentários. Muitas vezes eles já são
suficientes para compreensão do que se trata aquela imagem.

Se mesmo assim eu não entender e, algo me despertar curiosidade sobre
tal foto, posto um comentário perguntando do que se trata, ou pedindo
descrição.

Quanto aos vídeos, por normalmente eles também acompanharem sons,
normalmente não tenho problemas em compreendê-los.

Mas, caso haja dúvida quanto à cenas mudas, uso a mesma técnica das fotos.

Foursqware.

Essa rede não requer interação visual. Basta localizar o lugar onde
está e fazer o checkin.

Twitter.

Pela característica da rede, caso alguém resolva postar alguma foto, é
quase impossível saber do que se trata. No entanto, imagens não são
muito comuns por lá, pelo menos nos perfis que eu sigo.

Instagram então é impossível, certo?

Errado.

Existem cegos que se arriscam a fotografar.

O leitor de telas nativo do Iphone chamado Voiceover, tem um recurso o
qual, quando apontamos a câmera para alguém, ele fala coisas como:

"Pequeno rosto ao centro"

"Pequeno rosto à esquerda.'

assim, o cego tem uma noção do que está focalizando.

Além disso, pela voz de alguém, dá pra saber mais ou menos para onde apontar.

Eu, honestamente, sou péssimo nisso.

Nem quando usava Iphone esse recurso não conseguia me ajudar tanto. rs.

Quando muito consigo fotografar algum objeto para enviar a algum
aplicativo de reconhecimento de objetos e, mesmo assim, as vezes tenho
de tirar umas 3 fotos até sair algo que preste. rsrsrs.

Esse tipo de aplicativo e até pessoas online já me quebraram um galho
em horas nas quais preciso diferenciar objetos aparentemente iguais.

Exemplo: chegaram minhas compras de mercado e preciso saber quais
latas são de cerveja e quais são de suco.

Aí, normalmente fotografo a lata e mando ao aplicativo.

quando ele só diz ser uma lata mas não identifica pelo código de
barras do que, aí vai o olho de quem está online. rsrsrs.

A primeira vez que testei esse tipo de aplicativo, apontei para a
camiseta que vestiria.

Primeira foto, nada.

Segunda, nada.

Terceira, nada.

Eu já achando:

Esse aplicativo não presta! Não é possível! Estou apontando na direção
da camiseta.

Já tinha desistido, quando lembrei de um pequeno detalhe: havia
esquecido de acender a luz. kkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

depois de resolver esse pequeno detalhe, ao tirar a foto ele falou:
"yellow T Shirt. Aí sim! Funcionou!

eu não estou no Instagram, porque muito provavelmente não vou
conseguir tirar lá grandes fotos. Mas acredito ter algum cego por lá.

Internacionalmente conhecida, temos a fotógrafa Amy Hildebrand, que nasceu cega.

Parece que ela conseguiu ver algumas cores após certa altura, mas, em
fim... Sei lá.

Bom. Eu já prefiro ter meu guarda-roupas onde todas as peças se
combinam. Assim não tenho que me preocupar com cores. rsrsrsrs.

Esse foi um apanhado geral das minhas experiências com redes sociais.

amanhã, até por ser sexta, falarei sobre minhas experiências quando
usava frequentemente sites de paquera.

Curioso? Curiosa? Volte ao blog amanhã. Rs.

Teste de postagem.

Galera.

Como tentei fazer uma postagem agora e não foi, tento um teste antes
de escrever tudo de novo. Rs.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

PROTESTO

Faaaaaaaaaaaaala galera!

Devido à quantidade de manifestações que recebi no Facebook e no
Twitter após minha postagem de ontem, tive a ideia para um protesto.

Não temos a mesma visibilidade midiática da globo para nos fazermos ouvir.

No entanto, temos a internet e, chegar aos trend topics do Twitter e
do Facebook a gente pode tentar.

O que fazer então:

Vamos, ao decorrer do dia, divulgar o link da minha postagem "MALDITA
NOVELA DA GLOBO" No Facebook e no Twitter com a hashtag
#malditanoveladaglobo.

Um exemplo:

#malditanoveladaglobo galera, se liga nessa postagem.
http://cotidianocego.blogspot.com.br/2014/01/maldita-novela-da-globo.html

além de fazerem a postagem, divulguem para o máximo de pessoas que
puderem para que entrem no movimento com a gente.

Se não podemos fazer muita coisa, vamos pelo menos tentar mostrar para
a Globo e para quem mais estiver ligado na Internet que não estamos
calados diante da situação e também sabemos reivindicar nossos
direitos, lutando contra nossos descontentamentos.

Vamos à luta!

Segue novamente o link a ser divulgado:

http://cotidianocego.blogspot.com.br/2014/01/maldita-novela-da-globo.html

valeu galera!

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

MALDITA NOVELA DA GLOBO!

Faaaaaaaaala galera!

O título da postagem acho que deixou bem claro sobre o que vou falar
e, por mera coincidência, muito provavelmente a postagem vai ao ar
mais ou menos no mesmo horário da novela. Rs.

Pois bem. O tal cesar, era um personagem que ficou cego.

Se o cesar dele é com S ou z, pouco importa agora.

até então só tinha ouvido falar, pois novela eu não assisto.

as cenas eram grotescas.

O cara, que sabia nadar enquanto enxergava, perdeu a visão, caiu na
piscina e quase morreu afogado.

Além disso o cara não sabia quando é dia e quando é noite.

Sábado, estava me arrumando para sair, enquanto minha mãe assistia à
maldita amor à vida e destruição do cego.

Ta. O destruição do cego foi por minha conta.

O pedaço o qual assisti falava que o cidadão, pelo estado em que
estava, ou seja cego, passou uma procuração para que a esposa pudesse
resolver tudo por ele e a mesma havia transferido alguns bens para o
próprio nome.

valeu, globo!

Anos e anos de processos, de luta para que alguns órgãos não nos
reconheçam como inválidos, muitos ganhos e o que a Globo mostra na
novela? Uma procuração.

Será que não seria muito mais útil, devido à grande abrangência da
novela nesse horário, mostrar coisas simples como.... Bom. vou dar só
uma dica.

Mostrar às pessoas como ajudar um cego. Isso. O simples fato de estar
na frente dele e oferecer o braço ou o ombro para que ele segure.

Milhões de pessoas assistem e, tenho certeza: Grande parte dos nossos
problemas seriam resolvidos.

Porque não mostrar, por exemplo, que um cego tem certas dificuldades
para estudar as vezes por falta de material e por desinformação de
escolas, universidades.

Por que não mostrar, por exemplo, que o cego necessita da ajuda, com a
forma correta de fazer para atravessar uma rua devido a falta de
semáforos sonoros nas cidades que as prefeituras não instalam?

Não!


A suposta invalidez, imagem já difundida pela sociedade com relação à
nós dá muito mais audiência e tem muito mais fácil compreensão pelos
telespectadores.

O cego normal para a sociedade é o da novela.

Mas no que isso reflete na prática?

Hoje, no meu primeiro dia de trabalho de 2014 passei por algo que, em
meus 35 anos, nunca havia passado.

Uma das coisas que gosto na minha rotina de trabalho é a interação.

Aquele lance de pegar ônibus todo dia, conhecer a galera do ponto, a
galera que viaja no mesmo horário e no dia do meu aniversário até
ganhei presente de uma amiga que conheci no ônibus. Rs.

sim. Existem aqueles probleminhas que eu relatei no post Cegos No
Planeta Busão, mas existem pessoas legais.

Já bati papo no ônibus e quantas vezes.

Tanto na ida quanto na volta.

essa mesma pessoa, as vezes vai conversando e como trabalhamos perto,
descemos e fazemos juntos o trajeto. Legal.



Estou voltando para casa, após meu primeiro dia de trabalho em 2014.
É. comecei bem.

Cheguei no ponto, solicitei ajuda, ônibus praticamente vazio, o
motorista me indicou onde tinha um banco vazio e, como não encontrei
ninguém conhecido e sabia que não ia conversando, coloquei os fones no
ouvido para poder ouvir as notícias do dia, como habitual.

as vezes opto por música, mas.

Assim vim me atualizando até chegar o meu ponto.

Na parada anterior, avisei ao motorista que ficaria no próximo.

Ele nem me respondeu nada. Muitos até falam algo, agradecemos e tal.

Havia um degrau antes da porta. na verdade 2.

Ao perceber o primeiro, vinha uma pessoa tentar segurar no meu braço,
pois na concepção dela isso me ajudaria. afinal, isso a Globo não
informou na novela. Que culpa ela tem?

quem costuma fazer isso é o cotidiano cego e Geraldo Magela. Mas, quem
é o Cotidiano Cego com seus quase 200 seguidores, contra uma novela da
Globo com milhões de telespectadores?

Po. É desleal!

A princípio desviei do braço para buscar novamente com a bengala a
melhor posição de descida e, quando ela me falou do degrau, solicitei
que ela deixasse eu localizar com a bengala e descesse, sem que
segurassem no meu braço.

Já que a Globo não orienta na novela, a gente tenta.

E, a partir desse momento, fui chamado de cavalo pra baixo.

eu nunca, sinceramente, tinha passado por isso.

É normal até algumas pessoas não gostarem muito, teimarem porque
quando você quer orientar ela que está certa, mas, essa reação, eu até
então nunca tinha presenciado.

ainda tentei argumentar, pra que?

Moça! Eu só to orientando para que eu possa descer da forma que mais
me facilita.

Ela deu aquela risada sarcástica dizendo que não ajudaria mais, mas
até aí é normal e foi conversar com uma idosa e ao descer, ouvi
falando que na verdade cavalo eu não era, pois isso seria ofender o
animal.

Quando desci uma moça gentilmente me ofereceu ajuda para atravessar e
me ofereceu o braço, como deve ser.

antes que alguém diga:

Mas, você já apareceu no Mais Você e agora ta falando da Globo?

Ah sim. E só por isso agora eu tenho que concordar com tudo que a
Globo exibe, independente das consequências diárias sofridas por nós?

Aquela reportagem sim foi informativa.

E o que a novela da Globo tem com a situação de hoje?

Tudo.

afinal, um cego, que nem sabe quando é dia ou noite, que esquece como
se nada ao perder a visão e, se torna inválido mentalmente ao ponto de
passar uma procuração para alguém se responsabilizar por ele, não deve
ter sequer o direito de orientar como uma ajuda realmente será efetiva
para ele.

E se cegueira é sinônimo de invalidez, provavelmente, um cego que já
conhece o trajeto e sinaliza apenas no ponto onde vai descer, será
tratado como orgulhoso, pois precisa da ajuda, pois nem sabe quando é
dia ou noite e não pede.

Cegos hoje são encarados como pessoas que necessitam de ajuda todo o
tempo e o não necessitar, por muitas vezes, é encarado como orgulho.

E se essa é a imagem a ser reforçada, "amor À Vida" está cumprindo bem o papel.

A educação de um cego ao ponto de vista do povo é nunca questionar.

cego educado é aquele que, ou pede esmola no trem, ou fica em casa
ouvindo rádio o dia todo se contentando com o salário do Governo e
aceita passivamente ser encarado como coitado, ser tratado como e não
ter direito sequer de abrir a boca e dizer: "Por Favor. Poderia passar
na minha frente e deixar que eu segure no seu braço?"

Você, que é um dos cavalos leitores do cotidiano cego, se prepara pra
trotar muito depois do fim dessa novela.

E agora, como bom cavalo que sou, vou pedir licença a vocês para
terminar a postagem aqui, pois a fome está apertando e eu vou ali
procurar um pouco de capim.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Cegos e adolescência

Faaaaaaaaaaaala galera!

Como começou 2014 para vocês?

Por aqui começou bem! Rs.

Hoje vou abordar um tema sobre o qual nunca ouvi ninguém falar.

Talvez, outros cegos não escrevem sobre isso, seja por não querer
mostrar uma realidade pela qual passaram e tem vergonha de assumir, ou
por achar que pouco importa.

Ta, André. e por que você resolveu falar?
Trauma? Não.

Simplesmente porque é algo que grande parte dos cegos já passou e
hoje, muitos passam, sem ter com quem conversar e suas famílias, tenho
certeza, sequer desconfiam do que passa na cabeça de um adolescente
que tem alguma deficiência.

A adolescência é uma fase onde a família deve estar atenta e o diálogo
é muito importante.
Até aí, não é novidade.

O problema é que a maioria das famílias não sabem que, para quem tem
alguma deficiência, os conflitos nessa fase vão um pouco além dos já
conhecidos pela maioria dos adolescentes.

Infância. Fase maravilhosa!

Tudo é perfeito.

As brincadeiras com as outras crianças, as bagunças planejadas
minuciosamente, os joelhos ralados com os tombos levados, as
comemorações com as vitórias no videogame, pipa, bola, em fim.

Tudo é maravilhoso. Tudo é normal.

Depois de alguns anos, vem a adolescência.

Os focos mudam. As paqueras, as festinhas, o som que se escuta, desejo
sexual, o primeiro beijo que as vezes acontece até mesmo no fim da
infância.

Aí você percebe que, nas festinhas, tudo acontece.

Comentários, as falas dos garotos com relação às meninas e das meninas
com relação aos meninos, os lances, o beijo, a pessoa e a percepção de
que contigo, nada acontece.

Primeira vez, segunda, terceira, quarta e depois de várias você começa
a fazer vários questionamentos.

Isso acontece por que? Será que eu sou feio? Será que eu sou chato?
Aliás o feio é a primeira coisa que passa pela cabeça.

Até que depois de muito tempo você chega à conclusão que não queria
chegar. É porque você é cego.

Infelizmente é uma dura realidade, vista com muito mais força nas meninas cegas.

Por que isso acontece?

além de todos os conflitos de adolescentes, a vergonha que os faz até
pedir para que os pais os deixem na esquina durante uma carona, tem
também a desinformação, que não passa de um círculo vicioso.

Não preciso repetir aqui a imagem que as pessoas tem de um cego.

Eu não preciso. Mas infelizmente, para o aumento da audiência de uma
novela, a Rede globo acha não só que precisa repetir, como torná-la
uma verdade absoluta.

Não assisto a novela amor À vida, mas já ouvi comentários sobre um
personagem que ficou cego e suas cenas esdrúxulas.

O cara ficou cego e não sabe quando é dia e quando é noite.

Depois, quase se afoga numa piscina porque sabia nadar quando
enxergava, mas esqueceu depois que ficou cego.

Por mais dificuldades de adaptação que uma pessoa tenha ao perder a
visão, calma aí! Não fica tão bitolada.

qual é a minha preocupação com o que uma novela passa?

simples: Essa tal novela tem uma abrangência que chega a milhões de
pessoas que, se já não tem uma imagem real do que é ser cego, estão
recebendo um reforço na informação errada.

Isso, prejudica o cego que busca qualificação profissional, o
adolescente cego que, se não discriminado por alguma paquerinha,
provavelmente vai ser pela família da pessoa, pelo simples fato de
pensar logo que a realidade vivida por aquela pessoa a qual seu filho
ou filha gosta é semelhante à vista na novela.

Realmente o autor ou tomou uma atitude impensada, ou não ta nem aí. O
que interessa é a audiência.

e para os adolescentes que passam por isso hoje, digo o seguinte:

Você não tem uma impressão errada.

É uma pessoa normal. Independente de outros acreditarem ou não, você é
uma pessoa normal.

Partindo desse princípio, lute com todas as forças pelo seu espaço e
por ser tratado como você é. Pessoa normal apesar de não enxergar, não
andar, não ouvir, etc..

Tem hora que é foda, eu sei.

Mas se acostume, pois até enquanto adulto essa luta vai precisar
continuar. É só o começo.