Faaaaaaaaala galera!
antes de contar a história do resgate da bengala, vou
indicar uma música que me emocionou na primeira vez que escutei, e emociona até
hoje.
Alguns de vocês viram a reportagem para o programa Mais
Você, mostrando o meu cotidiano, o trabalho, etc.. Mas, apenas os leitores que
convivem comigo sabem da minha trajetória até aqui.
Em 1998, terminei meu curso técnico em Processamento De
Dados. No entanto, entre terminar o curso e começar a carreira profissional,
existe uma grande diferença.
Me vi desempregado e sem perspectiva.
Em 2000, uma luz começa a acender. Olha. Era uma luz
acessível.... Até eu que sou cego vi. rsrs.
Consegui um estágio no Serpro.
Ali, comecei a adquirir uma maior independência pessoal, com
relação à locomoção e também outros aspectos, além de a partir daí, conhecer
pessoas e poder também, ter uma experiência para adicionar ao meu currículo.
Só que esse estágio, assim como qualquer outro, acabou.
Retornei então à mesma situação profissional de antes.
Lógico. A experiência de vida que adquiri eu nunca perdi, não perderei e ela
tem certa responsabilidade em eu ser quem sou hoje.
Desempregado, vivendo de biscate.... bom.. em São Paulo
chama bico... Mas, sou carioca... Tudo bem que biscate em São Paulo é outra
coisa, mas não é o caso. kkk.
As vezes aparecia algum contrato como instrutor de
Informática onde dava pra tirar uma grana. Mas, acabava o curso e com ele, o
contrato e aí já era.
Me virava fazendo serviços particulares de montagem e
manutenção de micro e aulas de Informática.
Mas, quem trabalha de forma autônoma nessa área, sabe como
é.
Quando tem serviço, tem dinheiro. Quando não tem..... Rs.
As vezes, mal conseguia para a cerveja do fim de semana.
outras, nem isso.
Os anos se passavam, a incerteza continuava e isso me
frustrava. Afinal, lutei tanto para poder conseguir ter a profissão que queria.
Não desisti.
Continuava me atualizando como podia. Varei madrugadas para
aproveitar o pulso único, na época de conexão discada, que era entre 0 e 6 da
manhã.
Mas todo o conhecimento até então era aplicado nos serviços
particulares e também, para ajudar a galera com dificuldade em fóruns, listas
de discussão.
Decidi depois estudar o sistema operacional Linux. Na época,
todo o material de acessibilidade nesse sistema era em inglês. Não conhecia
praticamente nada do idioma e o pouco que aprendi foi na raça.
Era uma janela com o texto e outro com um dicionário abertas
simultaneamente.
Só depois, devido a um contrato legal para um curso consegui
cursar um ano de inglês, a nível de conversação. Curso inclusive indicado pela
coordenadora após entrevista em inglês.
Durante todo esse tempo, fui participando de vários
processos seletivos. Quem acompanha meu blog sabe como as empresas encaram os
candidatos à vagas que tem alguma deficiência. Encaram como cotistas e não como
profissionais e as vezes, fazem o processo por fazer.
Quando reclamo da lei de cotas e da forma na qual tudo
acontece na prática, é por já ter sentido tudo isso na pele.
Até que a atitude despretensiosa de ajudar a galera na
Internet gerou frutos em 2007.
Recebi uma proposta para trabalhar em uma associação, dando
suporte técnico à tecnologias assistivas. Nesse caso específico, dava suporte a
alguns programas de leitura e de ampliação de tela, tanto para computadores,
como para celulares. Foi nessa altura que mudei para São Paulo.
Trabalhei lá durante um ano e dez meses, até que passei no
concurso público da CET e aí iniciou-se a parte da história a qual vocês já
conhecem.
Por isso quase chorei quando ouvi essa música pela primeira
vez.
Antes de postar o link, tomo a liberdade de usar o refrão
desta canção, com o privilégio de ser uma prova viva de que é a mais plena
verdade a mensagem passada por ela, para dizer a todos que estão sem
perspectiva, seja profissionalmente ou em qualquer campo da vida, o seguinte:
"Ergue essa cabeça, mete o pé e vai na fé; Manda essa
tristeza embora.
Basta acreditar, um novo dia vai raiar; Sua hora vai
chegar."
Com certeza chega, gente. Segue o link:
agora vou contar sobre o resgate da bengala.
Quinta passada, saía para o almoço com uma galera do
trabalho, como sempre.
Eis que um dos amigos, na saída do elevador, tropeça na
minha bengala e ela inacreditavelmente vai direto dentro do fosso.
Sim gente... Ele jogou minha bengala lá, mas é meu
amigo..... Foi acidente. kkkkk.
Recebemos a informação de que seria necessário abrir um
chamado para que a empresa prestadora do serviço de manutenção dos elevadores
pudesse retirá-la de lá.
E para minha total sorte, isso aconteceu justamente em um
momento em que eu estava desprovido de bengala reserva..... Imaginem.
Cego sem bengala.... Bom. Será? Nesse caso, eu poderia me
considerar duplamente cego? kkkkk.
Fomos almoçar, enquanto eu pensava no que fazer sem bengala.
O personagem da história, parecia mais desesperado que eu.
Rs.
Ele quase chorando dizia:
"To com vazamento em casa, aluguel atrasado, pagando
pedreiro e agora eu ainda consigo jogar uma bengala no fosso."
Kkkkkk.
Apesar do desespero,
não podia deixar de me unir à galera pra zoar ele. rsrsrs.
Começamos a inflacionar o valor da bengala pra deixar ele
mais nervoso ainda, além de outras coisas. . rs.
Como não sabia se a bengala seria retirada no mesmo dia e,
caso fosse, não tinha certeza sobre o estado no qual ela viria, liguei na loja
a fim de comprar outra.
Alô. Vocês tem bengala de 1,35 CM?
Só terça...
Imediatamente,
cheguei à seguinte conclusão:
Agora fodeu! kkkkkk.
No período da tarde, precisava ir ao Sindicato entregar um
documento. Sem bengala... Imaginem. rs.
Fui de carona com um amigo. No caminho, lembrei da loja
existente na associação onde trabalhei. Isso. Aquela citada anteriormente.
A bengala deles é um pouco diferente. É de alumínio. A usada
por mim é feita com fibra de carbono.
Mas, naquela altura..... rsrsrs.
Liguei.
Alô. Vocês tem bengala de 1,35 CM?
Sim, tem.
Opa. To indo buscar.
Fui, comprei e, no caminho de volta, recebo uma ligação aqui
do trabalho informando sobre o sucesso no resgate da bengala, para alívio do
meu amigo que tropeçou e também o meu.
Agora tenho bengala reserva, já que a titular saiu intacta
do fosso.
Essa história me fez concluir o seguinte:
Se a minha bengala conseguiu passar num vão onde todos
jurávamos ser impossível e ir parar no fosso, então, ela é boa de buraco!
Isso... Minha bengala é boa de buraco!
kkkkkkkkkkk.
2 comentários:
OI ANDRÉ BOA NOITE MEU NOME É ALCIONE
TENHO UMA ALUNA DEFICIENTE VISUAL E ESTOU MARAVILHADA, COM ESSE MUNDO NOVO QUE ESTOU ENTRANDO, CONFESSO QUE ATÉ ENTÃO PASSAVA DESPERCEBIDA PERTO DE ALGUÉM QUE NÃO ENXERGA.QUANDO RECEBI MINHA ALUNA RECEBI UM PRESENTE, HOJE EU LEIO, PESQUISO CORRO ATRÁS DE VA´RIAS COISAS QUE POSSA A JUDÁ -LA.UMA PESSOA FALOU DE VC ELE É DA MESMA ESCOLA QUE EU.EU SOU DE CACHOEIRAS DE MACACU/RJ. ELIAS FALOU DE VC E ESTOU LENDO SEU BLOG ESTOU ACHANDO MUITO LEGAL ENGRAÇADO ALGUMAS COISAS.TENHO UMA FILHA DE 13 ANOS ELA PEDIU P/ TE PASSAR TAMBÉM O BLOG DELA, ELA FALA DE MODA QUER SER ESTILISTA QUANDO CRESCER.(BLOG - VIVENDO NO MOMENTO)DE KETLEN BRITO. ESTOU AOS POUCOS O SEU BLOG.ESPERO QUE POSSAMOS SER AMIGOS PELOS MENOS ON - LINE.DESDE JÁ AGRADEÇO. ALCIONE
Olá Alcione.
Muito legal seu relato.
Assim como você, muitas pessoas passam despercebidas por alguém que não enxerga.
Esse é o motivo pelo qual resolvi criar o blog. Para mostrar que estamos aqui e, apesar de muitos pensarem o contrário, levamos uma vida normal.
Opa. É claro! amizade é sempre bem vinda.
Se usa Facebook, pode me adicionar.
Tá mais fácil me achar do que você imagina. Rs.
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