O que você acha da minha ideia de indicar algum som que curto em cada postagem do Cotidiano Cego?

sexta-feira, 14 de março de 2014

A QUE ESPÉCIE PERTENCEMOS?

Faaaaaaaaala galera!

Pra começar, sexta-feira e vou indicar um som que gosto muito e está
bem no clima.

http://www.youtube.com/watch?v=8LhCd1W2V0Q

Já falei aqui sobre um hábito que algumas pessoas tem de infantilizar os cegos.

Alguns casos transcendem a infantilização.

Desde um certo tempo, aprendemos:

"Os humanos são animais racionais."

Certo dia, a fim de zuar o barraco, algum engraçadinho deve ter
escrito em algum lugar:

"Exceto os cegos."

Provavelmente, o conhecimento milenar passou de geração em geração e
até hoje encontramos seguidores dessa ideia.

Vira e mexe, ao andarmos na rua, algum cidadão vem gentilmente nos
informar onde estamos.

é. muito provavelmente esses nos enxergam como cães vira-lata. Afinal,
esses normalmente não sabem onde estão. Andam apenas atrás de comida e
pronto.

Pior que no meu caso, o tamanho da minha barriga deve fazer jus a
isso.... Nossa!

Mas, como até hoje ninguém me ofereceu um punhado de ração, talvez a
espécie não seja essa.

Algumas pessoas, ao auxiliar, tem medo de andar e caminham como se
tivessem algum problema com as pernas.

Para essas, cegos as fazem lembrar automaticamente de tartaruga.

Existem também aquelas que se desesperam e procuram nos segurar na
hora de descer degraus. As vezes, nos seguram tão forte... Acho que é
pra gente não fugir.

Mas pera aí! Não conseguir descer degrau....... até agora eu achava
que Saci Pererê era lenda. Mas não! São os cegos!

Na condução, as pessoas correm:

Senta aqui....... Aliás é uma das frases mais perigosas que eu já
ouvi.... Sei lá.... Ficar sentando em qualquer lugar.

Realmente:

Os cães ficam de pé apenas para fazer graça e logo depois precisam
sentar, ou ficar de 4.

Mas, quem sabe o senta aqui não faça algumas pessoas terem a sensação
de estarem adestrando um cachorro.

Vai.... Senta..... agora deita.... vai lá...... Vai buscar a bolinha.....

Bom. aí complica um pouco....... É preciso ver a bolinha.

E aí, eu sento num banquinho..... Estão vendo gente? Sou bem adestrado!

Passa um tempo alguém toca no meu ombro.

Tirei os fones do ouvido e ela alertou que o motorista estava tentando
falar comigo.

Por um lado, é interessante a preocupação e a boa vontade em ajudar,
perguntando onde eu desceria.

Em seguida, vem o sermão por estar usando fones em volume alto.

Me respondam?

Quantas pessoas, principalmente nas cidades grandes, embarcam na
condução com fones no ouvido?

Será que esse motorista aborda todos os seus passageiros com fone para
avisar que vão ficar surdos?

Certamente não.

Nesse caso, cada um sabe de si. São adultos.

Ué, mas e no meu caso?

Teoricamente também. Mas, na visão de grande parte das pessoas, não.

Afinal de contas, sou adulto, uso meus fones da forma que me der na
telha e se futuramente vierem as consequências decorrentes da minha
atitude presente, o problema é meu.

Ou seja: a mesma regra aplicada aos demais deveria ser a mim.

Mas, como para algumas pessoas a racionalidade não nos pertence....

Wasabi no sushi bar.

Peço um temaki.

Veio o wasabi no cantinho do prato.

Experimento pra ver o quão forte está.

Afinal, eu costumo caprichar no wasabi e, nos pratos onde a pimenta se
encaixa, também.

E vou, a cada mordida no temaki, calibrando no wasabi.

Até que um garçom vê e fala:

Meu! Aí é muito wasabi!

Juro que não consegui entender porque ele se interessou mais em olhar
a quantidade de wasabi que eu como, do que servir. Mas, em fim....

Aí me veio uma dúvida.:

Não tinha noção do wasabi, o cara ficou olhando...... Ora, ora....

Será que quando eu fui no banheiro ele também ficou olhando para saber
se o tamanho era adequado para que ele pudesse verificar se estava
correto me enxergar como jumento? kkkkk.

Mas, por outro lado, a irracionalidade não está só do lado de cá?

O que dizer das pessoas, quando você pede:

"Poderia soltar o meu braço para que eu desça o degrau?" E elas
continuam segurando?

Ou, se você leva um tombo:

"Por favor! Me solta para que eu possa levantar." E a pessoa, o que
faz? continua segurando.

3 Possibilidades:

Ou a quantidade de surdos no país é maior do que pensamos, ou as
pessoas não conseguem processar a mensagem.

Tem ainda a terceira:

Essa, é pensarem:

Ele não sabe o que diz.

Até entendo a falta de informação.

Sabendo que as pessoas querem ajudar, engolimos a seco algumas coisas.

Cada pedido de lugar feito pelas pessoas quando entro no ônibus, cada
puxão pelo braço e atitudes semelhantes, são guardadas num canto, por
ver aquela famosa realidade:

"Ele (a) só quis ajudar!"

Não é segredo pra ninguém! Tudo que guardamos, vai virando uma bola de neve.

E quando essa bola está prestes a estourar?

Bom. Eu já pensei numa saída.

Criar alguns vudus em casa e espancar um deles quando chegar. kkkkkk.


O problema é:

Não vi a fisionomia de nenhum protagonista de tais ações. kkkkk.

Quando é alguém da sua convivência, ou que tenha certo contato, ainda
dá para tentar falar com ela sobre a atitude que te irrita
profundamente.

Pior é quando isso gera uma discussão sem fim pelo fato dela achar
estar certa. rs.

Mas, em fim...

Ta me dando fome.

Mas, como até agora ainda não descobri a qual espécie pertenço, que
ração eu compro?

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