Faaaaaaaaaaaaaaaaala galera!
Hoje, enquanto me preparava para a rotina diária, tive uma
ideia.
Carnaval ta chegando!
Embora já saiba a repercussão e polêmica que isso vai causar,
tocarei no assunto novamente.
As alas de escolas de samba exclusivas para cegos, cadeirantes,
portadores de deficiência, etc.
Já que, pelo menos aqui em são Paulo isso virou modinha e,
na postagem de 2012 deixei bem clara a impressão que tive com o desfile da
Camisa Verde E Branca, venho sugerir o seguinte:
Eu não sei como funciona essa história de enredos.
Até onde soube, no Rio por exemplo, a Liga Das Escolas De
Samba distribuía os enredos para as escolas ou algo parecido.
Pode ser que eu esteja errado. Mas.
Em fim. Eu não sei qual seria o meio para se atingir o
objetivo, mas fica a ideia, possível de ser aproveitada ou não por qualquer
escola de samba, bloco carnavalesco etc., não só de são Paulo, como de todo o
Brasil.
Já que querem fazer a ala exclusiva, porque então não criar
um enredo mostrando o cotidiano de uma pessoa com deficiência, as dificuldades
que passam na locomoção, como é a rotina e quais as barreiras enfrentadas por
quem busca colocação profissional, estudo, etc., além do que pode ser melhorado
e o resultado alcançado com tais atitudes?
Se uma escola não consegue fazer isso com todos os tipos de
deficiência, que cada uma faça com um e nem precisa ser no mesmo ano.
Realmente mostrar todas durante um desfile seria impossível.
Tal atitude, logicamente, não comprometeria em nada a
alegria de um desfile.
Em 2011, saí no bloco Da Saúde, de Mongaguá, que apresentou
um enredo e desfile falando sobre DST e AIDS, prevenção, utilização do
preservativo e a alegria foi a mesma.
André. O que tem a ver uma coisa com a outra?
Tudo, pois o exemplo citado por mim é uma perfeita
demonstração de união entre conscientização e Carnaval.
Há fórmula utilizada pelas escolas de samba de São Paulo
hoje, mostra, para quem assiste aos desfiles, a seguinte imagem:
“Estamos levando os coitados para a Avenida”.
Não quero dizer que essa seja a intenção das escolas
promotoras de tais iniciativas. Talvez sim, mas talvez não. No entanto, acabam
passando esta impressão, mesmo sem querer.
Muitos, quando assistem à tal atitude nas arquibancadas, ou
pela TV, não acharão nada demais. Sabem por quê? Porque infelizmente a sociedade
já esta acostumada a nos ver como coitados e, grande parte do público, até se
emocionará, achando louvável alguém ter levado os coitados para a avenida.
Por que não melhorar isso?
Não seria muito mais solidário e eficaz, contribuir
efetivamente para tirar da sociedade essa imagem de coitados atribuída às
pessoas com alguma deficiência?
Sei que algumas pessoas vão me descer a lenha nos
comentários.
Quem o fizer, terá essa atitude por dois motivos distintos.
Ou por realmente nos acharem coitados e serem
preconceituosas, muitas vezes nem se identificando, ou por desconhecerem a
realidade vivida por toda pessoa com qualquer deficiência que seja, na busca de
estudo e trabalho.
Infelizmente, em vez de incentivar tal postura, nosso país incentiva
ficarmos em casa recebendo esmolas do Governo ou sei lá de quem.
Se quer conhecer tal realidade, leia os parágrafos abaixo
pois eu mesmo vou contar.
Se nasceu cego, surdo, cadeirante, etc., certamente ouvirá
de membros da sua própria família, que não pode trabalhar, não precisa, e, na
época da escola, o maior questionamento ouvido por você será: “Vai estudar pra
que?”
Agradeço muito à Deus por isso não ser geral na minha
família. Meus pais, assim como uma parte dos tios não alimentaram essa ideia.
Chega finalmente a hora de estudar.
Muito provavelmente, seus pais ouvirão, de pelo menos umas 3
escolas o seguinte: “Não estamos preparados para receber seu filho.” Sortudos
serão aqueles os quais os pais não desistam depois de tanta recusa.
Pelo menos agora, a lei nos protege nesse sentido, tornando
obrigatória nossa aceitação. Porque antigamente, agradeço à Deus de novo,
contei com a persistência dos meus pais em buscar alternativas que não fossem
me jogar em guetos, leia-se escola especializada. Ou como muitos chamam, escola
especial. Aff.
Quando você finalmente conseguir estudar depois de provar
todo dia que é capaz de seguir a carreira escolhida, é a vez dos empregadores
duvidarem da sua capacidade.
Uns, nem vão te contratar. Outros, contratarão para obedecer
à lei de cotas, mas provavelmente te jogarão num canto, tornando você retrato
vivo da imagem que ele tem. Improdutivo.
Exatamente. Infelizmente muitos contratam para cumprir lei e
jogam num canto da empresa.
Já ouvi esses relatos partindo também de concursados,
contando toda sua luta para mostrar sua capacidade.
E olhem! Para entrar num concurso, mesmo os cotistas, se
olharmos bem a lei e os editais, precisam estar entre os aprovados. Teoricamente
isso deveria ser uma demonstração de capacidade, mas não. Na prática, sequer
diferencia os cotistas daqueles que, apesar de terem alguma deficiência,
estiveram entre os primeiros. Já soube de gente aprovada entre os primeiros
lugares em concursos passando por isso.
Em suma:
Se tem alguma deficiência e quer estudar, trabalhar, Não
tenha dúvida de que é capaz. Agora saiba que a força de vontade deverá estar
presente em altíssimo grau, pois o país conspira contra você.
Exato. O país apoia os coitados que se contentam em viver
com a esmola do Governo, o que queiram pedir por aí.
Essa é a triste realidade.
Hoje, com toda minha luta, Deus me permitiu alcançar uma
colocação profissional.
Sei que ainda posso chegar mais longe. Tenho lutado ainda
para isso. Começarei minha faculdade esse ano, etc.. Sempre é possível
melhorar.
Reclamo sim! Reclamo demais sim e o farei enquanto tiver
motivos para tal.
O fato de ter passado em um concurso, estar empregado e ser
encarado como profissional, não me fez esquecer de tudo que passei para chegar
até aqui e, muito menos, que, embora eu tenha chegado, muitos hoje ainda passam
por isso.
Tenho total consciência de uma coisa:
Ainda não acabou. Como não me acomodei e pretendo subir
outros degraus, vai vir muita bomba por aí.
Mas, vamos encarar.
As escolas de samba, blocos carnavalescos, etc., se
resolverem entrar nessa luta, terão muito mais poder para ajudar na mudança
dessa realidade do que imaginam.
A mensagem passada na Avenida chega a milhões de pessoas.
O país inteiro acompanha o Carnaval.
E porque não dizer, o mundo.
Turistas vem ao Brasil assistir aos desfiles. Tal
conscientização poderá se expandir a toda América Latina, e porque não, até
mesmo os países de primeiro mundo, muito mais avançados nesta questão, podem
também tirar experiências.
E aí?
Ainda quero acreditar que a intenção das escolas de samba
promotoras de tais iniciativas é realmente nos apoiar.
Partindo desse princípio, vamos encarar essa?
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