O que você acha da minha ideia de indicar algum som que curto em cada postagem do Cotidiano Cego?

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

INCLUSÃO E EXCLUSÃO NUMA BRINCADEIRA DE CABO DE GUERRA

Faaaaaaaaaaala galera!

Hoje teremos, acho que a postagem mais séria do blog desde que ele foi criado.

Não que eu esteja querendo chamar chuva, devido ao calor, nem fiquei maluco.... Já nasci maluco. kkkk.

Existe uma situação que me causa várias incertezas, me deixando confuso.

Venho percebendo a inclusão e a exclusão disputando numa brincadeira de Cabo De Guerra.

Lembram, né? aquela brincadeira onde se posiciona um grupo de cada lado de uma corda e ficam puxando para medir forças.

Ah, não é da tua época? Valeu! Tá me chamando de velho na cara dura..... kkkk.

Ontem falei sobre educação inclusiva.

Alguns defendem a educação especializada. sim... Vivemos num país que garante em sua constituição a liberdade de opinião e expressão.

Já existem aqueles que dizem: "Devemos lutar pela inclusão, respeitando as escolhas.".

Pra mim isso é estar em cima do muro.

Ou se defende a inclusão ou não. Inexiste meio termo nesse caso.

Parece que essa parcela, talvez por algum interesse político fica tentando jogar pra torcida e jamais se posiciona.

Não sei até que ponto existe realmente a questão liberdade de escolha para quem defende exclusão.

Até que ponto e quais atitudes exclusivas não atrapalham uma inclusão eficiente? sei lá. Ontem fiquei me perguntando.

sou sim, defensor da inclusão e todos aqui sabem disso.

Reconheço que em alguns casos não há como praticá-la, como em alguns esportes, onde cito o Futebol.

Agora:

Onde não se pode incluir e onde se usa desculpa para não incluir?

Ontem, em umas andanças pela Internet, encontrei algo que sinceramente me fez refletir bastante.

Um curso de DJ para pessoas com deficiência visual.

Bom. Não sou DJ profissional e talvez esteja vendo a iniciativa com um certo preconceito, uma vez que não conheço.

Tá. Faço algumas mixagens e já até mostrei, mas....

Eu vejo que para um cego ser DJ, é necessário ter a noção musical, como qualquer DJ que enxerga, saber a posição de cada botão no equipamento, encaixar as batidas.

Beleza. Faço mixagens no PC mas no equipamento, vejo dessa forma.

Pode até ser que esteja vendo errado... Putz... To lançando tendência. Cego não ver, é totalmente normal. agora cego ver errado..... kkkkkkkkk.

Me pergunto: Será que isso justificaria uma exclusão?

Talvez uma aula individual realmente facilite, mas... Sei lá........ Curso de DJ para deficientes visuais soou bem exclusivo.

Sim. Não nego que realmente procurei um curso para poder me aperfeiçoar mais e que, com certeza trocar ideias com pessoas mais experientes em eventos, é imprescindível. Mas..

Bom. Será que, assim como na proposta de educação inclusiva, o aluno assistir às aulas comuns e ter um apoio de orientação aos instrutores e ao cego em determinadas dificuldades não resolveria?

Conversei com uma amiga ontem e ela é totalmente contra ver a sala de apoio como sala especial e concordo com ela. Será que não supriria as necessidades nesse tipo de curso, caso haja?

Volto a repetir: posso estar errado e essa visão de apelação e exclusão que tenho pode estar totalmente equivocada. Mas enquanto a tiver, não farei. Ou talvez, procure até conhecer melhor a iniciativa para ter uma opinião mais formada. Sei lá.

A única certeza até agora, é a existência da exclusão por si em alguns casos e da exclusão em forma de inclusão... Sim. Existe exclusão em forma de inclusão.... Uma delas se chama "Lei De Cotas".

Refiro-me, não só às leis de cotas relacionadas à pessoas com "deficiência", mas à toda e qualquer lei de cotas.

Talvez a intenção possa ser boa..... A de quem criou.

Mas na prática........

Sei o que vivi até hoje, ter passado em um concurso público e estar, graças à Deus, empregado.

Infelizmente as empresas não vêem o contratado para cumprimento à lei de cotas como profissional.

Participei de inúmeros processos em várias empresas.

Já vivi situações das mais variadas, como oferta de um cargo totalmente fora da minha área de atuação, e, até mesmo, uma proposta para assumir um cargo de programador, com um salário inferior ao pago pelo mercado na época, inclusive dentro da própria empresa.

Estava trabalhando, não na mesma área e isso me possibilitou não aceitar.

No entanto, alguns fatores fazem com que alguns aceitem ser subvalorizados.

Dificuldade financeira e até mesmo, falta de crença em si mesmos, falta de coragem para fazer valer seus direitos.

O fato é a exclusão em forma de inclusão caracterizada aí.

cota nas universidades para negros.

Olha só....... Respeito muito a raça negra... com certeza. Por toda sua história e luta...... E por isso, vou mandar um recado...

Através da lei de cotas, estão, nas entrelinhas, chamando vocês de incapazes. Vão aceitar isso até quando?

Vejam bem! Se você concorda com essa lei de cotas está assinando embaixo o preconceito camuflado contra vocês. Abra a mente!

Usam vocês como justificativa para os problemas que temos relacionados à educação e de uma forma descarada.

Nosso ensino público não dá qualidade suficiente para que possamos disputar vaga nas universidades públicas em igualdade de condições com quem sempre teve dinheiro para estudar em bons colégios.

Agora, também existe branco pobre vivendo a mesma situação.

Conheço também casos, tanto de negros como de brancos, que superaram essas dificuldades e conseguiram.

Agora, chamar de desfavorecidos, dizerem estar defendendo quando no fundo estão chamando sutilmente de incapazes, na minha opinião, vocês não deveriam aceitar de braços cruzados.

Seja num caso como no outro, quem vai vencer esse cabo de guerra, não sei. Até porque, enquanto essa brincadeira continuar, os dois lados sairão sempre perdedores na história.

Um comentário:

Alexandre disse...

Ja tinha ouvido falar desse curso de Dj e da mesma forma que voce, não só por ser Dj, torci um pouco o nariz também pois não gosto nenhum pouco dessas coisas "altamente especializadas".
Como voce bem sabe eu enxergava e perdi a visão, e o que fiz foi me adaptar a essa nova realidade.
Conheço os seus tabalhos na área e seu potencial, e como semrpe comento o que te falta ´treino e experiencia com o aparelho, mas todo o conhecimento teórico voce tem, então está apto a usar.
Agora quando te ensinei a usar não te tratei diferente do que quando ensinei a outros amigos, só tive o cuidado de te guiaraté os botões.
Fiz um curso de pós graduação n USP e em nenhum momento fui tratado de forma diferente, a unica coisa que soliciteifoi o material digital para poder acompanhar as aulas e uma explicação mais detalhada quando a infromação no slide era gráfica.
Trabalho em uma instituição que merespeita como profissional e sou referencia técnica para todos por aqui, e fiz isso pela minha capacidade não porque eu sou o "ceguinho que programa".
Então não entendo sinceramente porque as pessoas aceitam serem tatadas como coitados, como inapazes.
Sou a favor sim de salas especiais para que voce tenha um pouco mais de reforço quando algo do dia-a-dia requer isso, mas voce tem de recebe a mesma aulaque qulquer outra pessoa, ou voce usa roupas diferentes e ome comida diferente dos outros?
Essa é uma dura realidade no nosso pais, protecionista, que prefere tratar a gente como coitados que precisam de tutela ao invés de cidadãos produtivos que necessitam de mentores que nos guiem no caminho de uma vida melhor.