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terça-feira, 15 de abril de 2014

ALERTA CONTRA A CAMPANHA EQUIVOCADA DE ACESSIBILIDADE DO TSE

Faaaaaaaaaaala galera!

Olha o que o TSE quer fazer conosco!

segue alerta num texto muito bem escrito pelo companheiro Naziberto
Lopes, um dos grandes lutadores pelo livro acessível.

O ENGODO DA PROPOSTA DE ACESSIBILIDADE DO TSE


"Foi veiculado nas listas de pessoas com deficiência um texto onde se
afirma que o TSE está inovando e derrubando barreiras de
acessibilidade ao informar e solicitar às pessoas com deficiência que
providenciem a transferência de suas seções eleitorais originais para
seções mais acessíveis, evitando assim constrangimentos no momento do
voto.

Infelizmente a notícia foi veiculada de maneira a fazer as pessoas com
deficiência acreditarem que devem solicitar transferência de seus
locais de votação e isso está errado. De maneira alguma a
transferência deve ser estimulada e comemorada como uma inovação em
termos de acessibilidade, muito pelo contrário!



As pessoas com deficiência devem, sim, solicitar, na verdade exigir,
que seus locais de votação originais estejam plenamente acessíveis. O
único caso justificável para a troca seria, por exemplo, se a pessoa
estivesse locada para votar em algum lugar tombado historicamente, que
inviabilizaria a transformação do local de maneira efetiva para essa
eleição. Caso contrário, não.



Apenas como ilustração, eu quando mudei de residência aqui em São
Paulo, fui transferir meu título e, como infelizmente fui morar em um
bairro próximo ao de uma conhecida fundação para cegos, o atendente do
cartório eleitoral veio com a conversinha mole de me cadastrar lá
porque era um local acessível para pessoas cegas.



Imediatamente subi nas tamancas e exigi que a urna eletrônica da minha
seção eleitoral original tivesse seu software de acessibilidade
residente ligado, isso porque todas as urnas eletrônicas são
potencialmente acessíveis, bastando para isso que os mesários acionem
o software de acessibilidade instalado nelas.



Para isso, mandei uma carta ao juiz eleitoral responsável pela minha
região e dias depois o pessoal do cartório me ligou mudando totalmente
o discurso, dizendo que iriam me chamar para testar a acessibilidade
da urna que seria instalada na minha seção no dia da votação. Bingo!



E assim foi feito. Até hoje eu voto no mesmo lugar original e nunca
tive problemas de acessibilidade nesse sentido. Claro que outras
deficiências exigem outras adaptações para o acesso, mas não podemos e
não devemos nos deixar jogar de lá para cá feito trambolhos, mas sim,
exigir que nossa seção eleitoral original seja acessibilizada e não
ficarmos pedindo transferência de um lado para outro por conveniência do
poder público.
Repito, não temos que facilitar a vida dos governantes, pelo
contrário, as políticas públicas de acessibilidade e inclusão é que
devem facilitar a vida das pessoas com deficiência!



É isso que temos que fazer, por isso a importância de informarmos que
todos devem exigir seus direitos de eleitores dignos e exigirem votar
na sua seção eleitoral original, devidamente acessibilizada, e não
compactuarmos, concordarmos ou divulgarmos esta informação que nada
mais é do que um pedido para que as pessoas com deficiência se
conformem aceitando a mudança pela falta de acessibilidade e ainda
solicitem seu remanejamento para lugares mais cômodos para os governantes
de araque que temos por aí.



Devemos lutar por nossa cidadania e não permitirmos sermos retirados
de nossos lugares e levados para outros "mais adequados", afinal,
devemos ter o mundo inteiro adequado para nós, menos que isso é
errado, não devemos aceitar, devemos nos indignar contra isso.



Caso contrário, devemos rasgar a Convenção da ONU pelos Direitos das
Pessoas com Deficiência? Pois será que ela já virou letra morta tão
cedo no Brasil?!



Essas instituições de fachada, que deveriam dar o exemplo e mobilizar
a galera, fazem justamente o contrário, informam de acordo com sua
conveniência, portanto, devem ser rechaçadas pelas pessoas que têm o
mínimo de informação sobre seus direitos de cidadãos como quaisquer
outros."



Atenciosamente,



Naziberto Lopes

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