O que você acha da minha ideia de indicar algum som que curto em cada postagem do Cotidiano Cego?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Não deixem as crianças sem resposta!

Faaaaaaaaala galera!

Na semana passada andei meio sumido. Feriadão, minha Internet 3G que não quis colaborar....

Mas to de volta ao nosso querido blog. rs.

Afinal eu gosto muito desse blog, sabe. Mas o que eu mais gosto nele é do cara que escreve. Uma pessoa simpática, íntegra, de bom caráter. ahah.

Bom vamos lá para o toque que eu tenho a dar nesse post.

Sabemos que criança é muito curiosa. Muitos educadores e psicólogos defendem a tese de que a criança nunca deve ficar sem resposta, quando pergunta algo.

Então. Eu concordo plenamente.

Principalmente com relação à cegueira, ou qualquer deficiência.

Várias vezes já me deparei com a seguinte situação:

Uma criança me ver com bengala, se aproximar, perguntar o que é para a mãe ou para alguém. Imediatamente essa pessoa puxa a criança e ainda briga.

Po, não é mais fácil responder para a criança o que é?

Sei lá. Algumas pessoas vêem a cegueira como algo tão terrível que sequer querem falar sobre ela, principalmente perto de um cego. rs.

Ou de repente nem sabem o que falar.

Eu normalmente, quando a pergunta é direcionada a mim, ou não é direcionada, tipo a criança chega e dependendo da voz, se for criança muito pequena (normalmente é quem tem a curiosidade. crianças tipo até 4 anos). Nesse caso eu mesmo procuro explicar.

Eu paro, e falo com a criança. Quer ver eu vou te explicar:

Fecha seus olhos. E aí, fechou? Se ela falar que sim eu pergunto. Então, o que você tá vendo? Lógico que ela vai responder: nada.

daí eu explico. Então... Mesmo se eu estiver com o olho aberto, eu vejo exatamente o que você vê de olho fechado. Nada.

Então, isso aqui serve pra quando eu to andando na rua, fazer assim no chão... aí reproduzo o movimento que a gente faz com a bengala... Pra saber quando tem buraco, quando tem degrau, pra eu não cair...... claro que a bengala tem inúmeras funções além dessa. Mas é lógico que você vai ter que explicar e falar das coisas que a criança vai entender.

Uma vez foi engraçado. Eu fui num local, não lembro onde. Tinha uma criança, que acho era filha do dono do estabelecimento. Não deveria ter mais de 3 anos.

Fiz todo esse procedimento quando ela perguntou.

Ela, curiosamente, pegou a bengala e movimentou na diagonal e falou: a... faz assim ó!. Eu ouvi o movimento e o pessoal comentando: alá, fez igualzinho. daí o cara falou. Entendeu filha?

Aí ela disse que entendeu.

Achei muito engraçado e legal a situação. Se desde cedo a criança tiver a informação eu acho super legal.

Normalmente elas não fazem diferenciação.

Um amigo me contou que na sala de aula onde o filho dele estudava, tinha uma amiga cadeirante.

E o interessante era que ele sempre, quando contava em casa, dizia: Hoje brinquei com a minha amiguinha. Aí dizia o nome da garota.

E ele nunca usou como rótulo de identificação, coisas como: A minha amiguinha de cadeira de rodas. Ou a minha amiga que não anda.... Pra ele, ele brincou com a amiguinha dele. Independente dela andar ou não, ter a cadeira ou não.

Então, acho que se as crianças enquanto nesse estado nos tratam de forma igual, é legal dar o máximo de informação possível para que ao crescer se mantenham assim.

Nisso é claro, a educação inclusiva tem feito grande papel. educação inclusiva, é o fato de pessoas com alguma deficiência, sejam cegas ou cadeirantes, em fim.... estude numa classe dita normal.

Eu falo dita normal, porque na verdade não seria preciso usar esse termo, já que normais nós somos, mas em fim. se bem quee eu não me acho tão normal. sou meio louco... mas.....

Bom.

Eu sempre estudei em escola não especializada. Que bom! Acho que uma escola especializada é sinônimo de exclusão. Não tem porque, em pleno século XXI, uma criança cega ter que estudar e conviver apenas junto com crianças também cegas. Não faz sentido.

Felizmente já existem programas de inclusão em escolas públicas e também uma lei que obriga que qualquer escola, universidade, curso etc a aceitar pessoas com deficiência que queiram se matricular, não podendo haver recusa seja qual for a justificativa.

Outro dia uma coisa me deixou super feliz.

Estava próximo à minha casa, passou uma mulher e eu pedi ajuda para atravessar a rua.

Uma criança, que pela voz deveria ter uns 7 anos, chamou a atenção da mãe...

Mãe, tá errado! Você tem que passar na frente dele e ele segurar no seu braço!

Po legal! Parece que as crianças, independente da forma, estão crescendo com a informação.

Quem sabe não chegará o dia em que todas ou a maior parte das pessoas já serão informadas nesse e em outros sentidos?

Só tem um porém. Quando esse dia chegar, esse blog não terá razão de existir. Mas, o objetivo proposto por ele já terá sido alcansado.

3 comentários:

Magoo disse...

A duas semanas conheci o filho de minha namorada. Ele tem 9 anos e é uma criança muito educada.
O mais interessante foi que no domingo de manhã liguei a TV para ele assistir, coloquei num canal de desenhos e sentei pra assistir com ele.
Ele percebendo o meu interesse começou a me descrever os desenhos. Mas o mais legal é que foi por iniciativa própria.
Realmente André estamos diante de uma possibiliade de uma sociedade mais inclusiva.
Parabéns pelo Blog!

Fabiana Hipolito disse...

Lendo seu post, principalmente no trecho que fala sobre inclusão, me veio a lembraça do quanto sofremos para poder matricular meu irmão numa escola.
Ele tem retardo mental, mas posso lhe afirmar com total convicção que ele é mais esperto que você e eu juntos....rs, mas voltando ao assunto...
Ele tem 27 anos, e até seus 25 anos nunca tinha frequentado uma escola. Minha mãe tentou matricula-lo numa escola especial, a mesma se recusou alegando que meu irmão era "normal" para estudar junto aos outros alunos.... Então ela recorreu ás escolas "normais", as mesmas alegaram que meu irmão era especial. Pois bem, foi uma frustação e uma guerra...
Até que GRAÇAS A DEUS, hoje é lei a inclusão, e hoje ele está matriculado e estudando. E adora! Nunca faltou um dia, atento, esforçado, o meu orgulho!

Beijos, =^.^=

André Carioca disse...

Magu e Fabi. Muito legal os comentários de vocês. são histórias muito legais! Fabi, sucesso para o seu irmão. Magu. É isso aí. Temos a possibilidade de uma sociedade mais inclusiva sim.