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sexta-feira, 25 de maio de 2012

sexualidade x Pessoa Cega parte II.

Faaaaaaaaaaala galera!

Após uma semana conturbada, com greve de metrô e trem em são Paulo e, na volta do trabalho na quarta-feira uma pessoa me empurrar quando entrava no ônibus quase me jogando pra fora, estou aqui, inteiro. rsrsrs.

Foi engraçado. A pessoa me empurrou e pra n correr risco empurrei de volta.

Aí veio um cara: Calma amigo! Era uma senhora de idade!

Aí retruquei: Mas isso não dá o direito de ela sair da condução empurrando quem tá entrando.

Gente..

Eu vejo muito isso.... Mentira! Vejo nada... sou cego. kkkk. Mas então... Eu vejo muito as pessoas quererem respeito por determinada condição e ao mesmo tempo, não se darem ao respeito procurado.

Seja cegos, pessoas de idade, deverão sim ser respeitados. afinal todo ser humano deve ser. Agora, não justifica........ Então a pessoa por ter uma certa idade achar que pode fazer tudo?

No mínimo, um pedido de licença para que ela saísse quando percebeu que tinha gente entrando. Afinal, isso faz parte da educação que eu recebi, por sinal a mesma a qual eles vivem se queixando que os mais jovens não tem.

Não quero de forma nenhuma generalizar.

Já tive contato com vários idosos, muitos extremamente educados e gentis. Mas essa daí, nota 0.

depois do desabafo semanal, seguiremos com o tema.

Afinal, pra uma sexta-feira, não há assunto melhor para ser debatido, certo?

Há algumas gerações, sexo era considerado algo impuro, pecado e mais outras coisas absurdas que nem convém ficar citando aqui.

Hoje, já existe muita evolução com relação a isso.

O problema é que toda essa evolução e informação ainda não atingem as pessoas cegas da forma que deveria.

O contraste se vê claramente quando observando pessoas com outras deficiências.... Odeio usar o termo deficiência, mas.... Odeio também o termo necessidades especiais, mas... Vou usar o que? Sei lá...

Mas o fato é que hoje, pessoas com lesão medular discutem o sexo como deve ser e as formas de superar determinadas limitações físicas.

Cadeirantes. Bom. Já existem até cadeiras apropriadas para o ato sexual. Olha. To curioso. Ninguém me descreveu ainda as tais cadeiras. Alguém poderia fazer esse favor?

Dentre os cegos, a coisa está caótica.

a vida do adolescente cego é simplismente complicada..... Agora vão me achar louco.... Simplesmente complicada. kkkk.

Na adolescência, quando a sexualidade começa a aflorar, não existe informação suficiente.

Tá. Vocês vão me dizer que já se fala abertamente sobre isso na TV... Não se fala. Se vulgariza o sexo mostrando traição nas novelas, ETC.

Além disso, as opções disponíveis que tratam o sexo como deve ser, não tem uma quantidade de informações claras, partindo-se do princípio que um cego também deveria ter essas informações.

começo pelo uso do preservativo.

existem várias campanhas educativas demonstrando a utilização do mesmo. Utilizam-se até imagens ilustrativas.... Mas e o cego?

quem explica na prática de forma descritiva como usar a camisinha? Ninguém explica. O fato é esse.

então se você é cego, adolescente e ta nesse dilema, pra que não pague mico na sua primeira vez eu vou te falar: Preste atenção nas linhas abaixo:

Arranje uma camisinha. Ou várias se precisar.

Arrume agora uma banana.

Vá treinando colocar a merda da camisinha na banana até pegar mais experiência.

Explicar passo à talvez eu não consiga e eu prefiro não arriscar porque fazer é uma coisa, mas descrever com palavras é outra.

Mas a idéia é que você segure na ponta pra não dar ar e vá desenrolando lentamente ela na base, nesse nosso caso é a banana até que termine e você consiga estar literalmente com a banana vestida.

Pode treinar também com seu próprio pênis, se preferir.

então. Eu já resolvi o primeiro problema...... rs. na hora que o clima crescer..... É... cada um dá o nome que quer.... Eu chamei de clima.... kkkkkk. Você já não vai correr o risco de acabar com o barato porque não conseguiu colocar o preservativo.

Pronto.

agora acho muito interessante que quando vocês forem fazer uma campanha educativa e demonstrarem a imagem, favor descrever verbalmente.

aliás, será que o pessoal defensor e produtor de audiodescrição já se atentou pra esse detalhe?

Nunca fui contra a audiodescrição como muitos pensam. apenas acho que deve-se pensar onde ela realmente é necessária. Olha um lugar aí.

Outra questão:

A primeira vez de qualquer adolescente é desastrosa, porque ele vai sem saber nada.

O cego também. O problema é que essa primeira vez pode refletir na segunda, terceira, quarta e por aí vai, já que em pleno século XXI ainda não existe material pornô para cegos.

Sério. Não existe.

Seja material em relevo, seja um pornô buscando exprimir a sensualidade por outros sentidos.... não tem.

Lógico que por outro lado, um cego terá muito mais hábito de tocar o próprio corpo, conhecendo-se melhor. No âmbito da masturbação isso eleva a imaginação porque muitas das vezes será através de parceiros ou parceiras que a pessoa molda na cabeça. Por esse lado até vai. só que ninguém vive ou quer viver só de fantasia.

A compreensão de um filme pornô por parte de um cego, não é semelhante à de qualquer outro filme.

Normalmente, quando não há o recurso da audiodescrição, a compreensão é realizada através de diálogos e sons.

No caso do pornô, as posições sexuais também são importantes.

Aí, necessitaríamos de uma descrição. Alô pessoal da audiodescrição!

Em suma:

a orientação com relação à sexualidade da pessoa cega começa a ocorrer atualmente, apenas por conta do parceiro ou parceira.

Se o cego ou cega não tiver um parceiro ou parceira com paciência suficiente e compreensão da situação, além da experiência, o aprendizado fica muito mais complexo.

quando falo da produção de material pornô para cegos e de uma orientação mais abrangente com relação à sexualidade, não pretendo vulgarizar, nem sequer empurrar goela a baixo cenas de sexo explícito ou coisas do gênero aos cegos, como por exemplo muitas vezes a TV faz hoje.

O que eu pretendo é conscientizar para a necessidade da produção desse tipo de material e, tendo-o disponível, consome quem quer ou precisa.

Um exemplo claro.

as revistas.

O que custaria, para os profissionais que resolveram posar, fazer uma descrição verbal de como é, como está na tal fotto, até mesmo descrever o perfume que está usando, caso esteja e isso ser publicado em algum outro tipo de mídia anexa à revista?

sinceramente. acho que para uma pessoa profissional que já topou posar sem roupa, não teria qualquer constrangimento em gerar esse tipo de abstração explorando outros sentidos para quem não vê.

Outra idéia, seria uma produção maior de contos, mas não apenas com as narrativas, como também fazer um esquema tipo rádio novela, com atores vivendo a cena ou, pelo menos reproduzindo-a de forma sonora.

em fim: possibilidades, existem muitas. Basta a conscientização e vontade de fazer.

Outra situação onde não se vê o cego como consumidor......... Olha só que hironia. Somos cegos e as outras pessoas que não nos vêem. kkkkk. Mas onde também não se vê o cego como consumidor é nas campanhas publicitárias.

Mas isso é assunto para um outro post.

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