O que você acha da minha ideia de indicar algum som que curto em cada postagem do Cotidiano Cego?

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

CEGOS. GRANDES COLABORADORES NO PROCESSO DE DESINFORMAÇÃO.

Faaaaaaaaaaaaala galera!

Vou começar essa postagem, citando algumas coisas que aconteceram
nesse fim de semana, quando fui a um churrasco na casa de uma amiga.

Acharam que não ia sair nada no blog, né?

kkkkkk.

A anfitriã, me conhecendo bem, sabe que mais cedo ou mais tarde, algo
seria publicado aqui.

Sobre ela, não tenho o que publicar a não ser a ótima receptividade.

Haviam mais 4 pessoas para as quais poderia até dar um desconto, por
estarem me conhecendo naquele momento. Mas, se o fizesse, não seria eu
e o blog não seria o cotidiano Cego.

Agora, vocês lembram daquela amiga que em uma ocasião, me desviou do
poste e ela mesma bateu?

Pois é..... Novamente será protagonista no blog.

Fomos ao mercado comprar algumas coisas.

Entrei no carro. Estava no Banco do carona.

como o veículo mais parecia um forno, ela pediu que eu deixasse a
porta aberta até que as outras pessoas entrassem.

De repente, percebo ela entrando pelo lado do motorista, se esticando
toda, parecendo inclusive que voaria por cima de mim e puxando a
porta.

Aí vocês perguntam:

Não seria mais fácil ela avisar que já podia fechar a porta e te pedir
para fazer isso?

Bom. Eu também acho. Mas.... kkkkkk.

Outra pergunta:

E você, percebendo que ela começou a fazer todo o esforço, não poderia
se antecipar e fechar a porta?

claro que não! E o motivo pra zuar? se eu fizesse isso, ia perder! kkkkkkk.

dentre as pessoas que não conhecia, teve gente querendo andar de mãos
dadas comigo para me guiar..... É... No caso não pegaria tão mal....

agora, já pensaram se fosse um cara querendo andar de mãos dadas
comigo para me guiar?

Sai pra lá! Aí não! kkkkkk.

Teve gente inclusive esquecendo e apontando a direção para onde iríamos. kkkk.

Sim. é normal.

Normalmente as pessoas que não convivem, no primeiro contato com cego
tem várias dúvidas, aprendendo a lidar com o convívio.

A pessoa que me desviou do poste e bateu nele, no domingo, apesar
dessa do carro que foi ótima para eu postar aqui, me guiou dentro do
mercado lotado de forma perfeita, sem que eu esbarrasse em nada. Vamos
ser justos.

bom. To citando esse fato por justiça mesmo... Não é nenhum interesse
em evitar que eu apanhe no próximo encontro. afinal, acho até que isso
não alivia. kkkkkkk.

vemos muitos cegos...... não.... Mentira! Não vi cego nenhum...
Mas.... Volta o texto.

Vemos muitos cegos reclamando da desinformação, da exclusão, sem
perceberem a colaboração exercida por eles em todo esse processo.

Não raro, presenciamos, ou pelo menos ouvimos relatos de cegos se
esquivando da aproximação por parte de pessoas que enxergam, tirando
delas, com essa atitude, a oportunidade de conviverem, aprenderem,
inibindo assim a circulação da informação.

A desinformação circula, mas a informação também.

Muitos reclamam das pessoas não saberem lidar, quando por sua vez,
lhes falta paciência e boa vontade para orientar.

Você, cego, sabe quando foi a primeira vez que se deparou com alguém
que não sabia lidar contigo?

Sabe quem protagonizou a situação?

Eu sei.... Mesmo que eu não te conheça, eu sei.

Calma. ainda não inventaram uma bola de cristal com relevo.

Mas, vou acertar.... aposto quanto você quiser.

vamos a resposta:

Se nasceu cego, a primeira ocasião em que isso ocorreu foi quando você
nasceu e o protagonista foi a sua família.

se perdeu a visão com o tempo, a ocasião pode até mudar, mas o
protagonista, não.

Imagine se, perdida com a sua situação, na busca por informação e
orientação, a sua família só encontrasse gente como você, que não
permite aproximação, sem paciência para informar e orientar.....

Não aconteceu contigo?

comigo também não.

Sorte nossa!


São duas situações comuns:

a primeira, é a família nem buscar a informação, utilizando-se
imediatamente do coitadismo, pois é a desinformação que ela tem,
cultivada por várias gerações.

Rio de Janeiro, uma das principais capitais do país.

Foi lá....

Eu, pré adolescente, ouvi um relato de uma criança que nasceu cega e
por isso, crescia, sem ser estimulada se quer a andar e falar!

Em qual situação essa criança se enquadrava? Na primeira, ou na segunda?

Não sabemos.

André, mas, qual é a segunda situação?

a família procurar a informação, mas não encontrar.

como assim, André?

Temos aí um monte de instituições, algumas especializadas na
orientação de famílias em como lidar com crianças.

Primeiramente, vamos lembrar que nas regiões mais longínquas do país,
muitas vezes essa possibilidade não é real.

Em segundo lugar, vamos inverter um pouquinho a situação:

Você enxerga normalmente, está aguardando o tão esperado bebê, ele
nasce e, com um tempo, percebe: Ele é cego.

e agora! O que eu faço?

Vai me dizer que não se perguntaria isso?

sim. As pessoas na rua se perguntam, a sua família se perguntou caso
você tenha nascido cego e você, na situação contrária faria igual.

começa a busca incessante por informação e orientação.

A luta é grande. devido a escassez, você começa a se desesperar.

Finalmente, descobre que existe uma instituição na cidade onde mora. e
leva a criança.

Lá, te dirão que apesar disso seu filho poderá estudar, trabalhar,
levar uma vida normal como qualquer outra pessoa.

aí eu te pergunto:

Você acreditaria nisso de cara?

E se além de tudo isso que te falaram, você tivesse a oportunidade de
ver e conviver com algum cego que vive isso na prática?

Mudou, ou não?

algumas iniciativas existem de forma externa.

A série infantil cocoricó, teve, em certa ocasião, um personagem cego.

Agora, o que fazemos internamente?

Lembre-se:

Cada esquiva, cada informação negada, equivale a mais um cego
subaproveitado, ou em alguns casos, tratado como deficiente mental.

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