O que você acha da minha ideia de indicar algum som que curto em cada postagem do Cotidiano Cego?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Cegos e mapas.

Faaaaaaaaala galera!

to de volta.

Dessa vez eu quero falar sobre cegos e mapas.

farei uma breve introdução da história.

existe um aplicativo para usuários de Iphone chamado ariadne GPS.

O que esse negócio faz?

Dentre os recursos disponíveis, está um que te permite pesquisar uma região e, na tela do celular é mostrado um mapa, no qual, quando o cego passa o dedo na tela o leitor de telas do aparelho vai falando qual rua está naquela direção e qual a altura do numeral da mesma caso você entre nela.

Legal né?

Sim.

é útil? Sem dúvida. Ajuda e muito.

Porém, não é raro alguns cegos postarem dúvidas Internet a fora, reportando dificuldades no uso desse tal recurso.

Daí, curioso que sou, fui eu dar um jeito de testar.

e qual foi minha conclusão?

Simples.

A maior parte dos cegos, principalmente os que já nasceram, não são treinados a se localizar em um mapa.

Não sei se por falta de boa vontade ou se pela ignorância de se perguntar pra que um cego precisa ver ou tocar um mapa já que não está vendo, mas o fato é esse.

Eu ainda tive oportunidade de tocar num mapa do Brasil em relevo e no mapa do estado de São Paulo também. Pois é. O do meu estado ninguém nunca me mostrou... Mas em fim.....

então, se você é professor ou professora e tem algum aluno cego na sua turma, ou se você é pai ou mãe de algum cego ou cega... Tá.... Eu sei que vai dar trabalo, mas no mínimo, se não tiverem outros recursos, pega um mapa do Brasil ou outro qualquer e faça os contornos com barbante em uma folha, que seja, sentando com a criança e mostrando as localizações naquele mapa.

Não parece importante, mas é.

Vocês que viram a reportagem do programa Mais Você à qual participei, me viram saindo de casa para o trabalho, indicando o local certo onde desceria do ônibus, sabem que, sou do rio de Janeiro e me mudei para são Paulo, aprendendo posteriormente a andar na cidade.

E digo: Tudo isso seria muito mais difícil, ou praticamente impossível, se quando criança não tivesse noção do que é um mapa.

Você sabendo o que é, fica mais fácil montar o seu na cabeça para ter noção de direção, saber se localizar e tal.

e se você é cego ou cega, já ficou adulto mas não viu um mapa quando era criança, ainda dá tempo. É só ter força de vontade. rsrsrs.

O mapa Mundi pode ser uma boa pra começar. rs.

Em São Paulo isso te ajuda, devido à estrutura da cidade.

A sé é considerado o marco 0 da cidade.

Então, as ruas são padronizadas, pelo menos grande parte, da seguinte forma.

A parte da rua que está mais apontada para o centro, ou seja Sé, é o início dela. A parte que corre no sentido mais afastando-se da Sé, é o final.

Agora pra isso, é interessante você saber o que é Norte, sul, Leste e Oeste, pra saber, ao andar numa rua, onde a sé está, ou seja, o centro.

Impossível? Se você já tivesse visto um mapa, não.

Tá eu sei que tem até gente que enxerga com dificuldade nisso! Mas é uma outra história. rs.

2 comentários:

LarocasPipocas disse...

Olá André.

O meu nome é Lara e sou portuguesa. Sou também formada em arquitectura e por acaso realizei o meu intercambio em São Paulo, durante 1 ano e meio.

Escrevo-te porque recentemente integrei um projecto da Capital Europeia da Cultura (na cidade de Guimarães) que me possibilita a utilização de mecanismos de fabricação digital. Caso não conheças, e de forma simplificada, são mecanismos que transformam desenhos 3D em matéria (moldes, maquetes,...).

Foi-me sugerido utilizar estes mecanismos para criar mapas em 3d da cidade. Entretanto comecei a pensar qual a real utilidade disso, e cheguei à conclusão que a população invisual poderia ser a que melhor se destinava este tipo de objectos.

Como o teu post foi a primeira reflexão que encontrei de um invisual sobre mapas, leva a fazer-te algumas questões:

1. Quais os mecanismos que um invisual utiliza para se localizar no espaço?

2. A possibilidade de utilizar um mapa 3d faz realmente diferença?

3. Que tipo de mapa 3d? (Que materiais? quais as caracteristicas fundamentais a ter presentes para ser uma representação do espaço que conhecem ou desconhecem?)

4. Para um invisual, poder utilizar um mapa é uma mais valia para o conhecimento do espaço? em que sentido?

Não sei se a minhas perguntas são descabidas. Espero que me possas responder a alguma delas.
Parabéns pelo teu blog.

abraço
Lara Ferreira

André Carioca disse...

Lara.

Tenho que agradecer ao seu comentário, por um motivo simples.

Ele me pôs a pensar e me deixará nesse estado durante um bom tempo. rs.

em primeiro lugar, parabéns pelo seu trabalho!

em segundo, você acaba de me abrir um novo horizonte inclusive me fazendo perguntas sobre coisas que eu nunca havia pensado.

bom. Na verdade, nossa localização de espaço se dá ao reconhecimento do local até que possamos gravar mentalmente o espaço do local.

certamente, alguma coisa tátil que favoreça sentir os relevos dos mapas é muito interessante.

No entanto, nunca parei pra pensar se a utilização de recursos 3D poderia nos ajudar em algo.

Quando pensamos em 3D, logo vem à mente imagens e sons.

As imagens não poderão ser vistas por nós em mapas e som, também não ajudaria neste caso.

Mas será que poderemos simular a imagem 3D em relevo de alguma forma?

Não sei.

sinceramente, gostaria de conversar mais contigo sobre isso.

Se puder, me escreva em privado.

andre.carioca@gmail.com