O que você acha da minha ideia de indicar algum som que curto em cada postagem do Cotidiano Cego?

terça-feira, 27 de julho de 2010

A infância do cego!

Faaaaaaaaala galera!

Hoje vou falar sobre uma coisa muito interessante.

A infância do cego.

Como nunca fui interno e nem passei por escolas especializadas e agradeço aos meus pais até hoje por isso, tive uma infância muito legal.

Sempre em meio às crianças da escola, na rua e tal...

E eu sempre fui uma criança levada... Eu aprontava cada uma!

Meus familiares diziam que era só bobear que eu fazia uma arte. rs.

Já me contaram cada uma...

Uma que eu ainda tenho memória foi quando, eu consegui fazer a frente da brasília do meu tio ficar linda. Rs.

Foi assim. eu gostava de brincar dentro do carro.

Um dia, ele esquece a marcha engatada e a chave na ignição.

Daí, eu quando encontrei a chave no contato.. Opa... Vou ligar pra ver o que acontece......

Aí quando girei a chave, foi o carro no muro com o tranco que deu!

Agora vocês imaginem como o meu tio deve ter ficado feliz! kkkkkkkkkkk.

Logo em seguida, alguns dias depois, meu pai começou a me mostrar os componentes de um carro. Tipo a caixa de marcha, o freio de mão principalmente o o que acontecia com certas combinações.

Sei lá... Acho que ele temia que o próximo carro fosse o dele.... rsrsrsrs. Ou pelo menos pra que quando eu fuçasse eu soubesse o que eu tava fazendo rs.

Meu bisavô contava que eu passava rastreandoa mão por cima dos moveis, mas num movimento diagonal pra fora... Ou seja, propositalmente, porque segundo ele percebeu depois eu gostava de ouvir o barulho de alguma coisa quebrando. rsrsrs. Dizem que pra corrigir isso foi foda.

E os LPS que eu já arranhei tentando descobrir como funcionavam certas coisas.

A sorte que meu pai depois começou a se antecipar e me explicar como as coisas funcionavam antes e falava pra que antes de eu pensar em fazer alguma arte, perguntar. rsrsrs.

Bom. Mas existe um fato aqui que eu quero alertar.

Algumas crianças cegas ou com algum tipo de deficiência, tem a infância reprimida, devido principalmente à super proteção da família.

Tipo cuidado... A mas se el correr ele pode cair e se machucar.

Porra mas até agora não entendi isso.

Se toda criança cai e se machuca, por que a criança cega não pode? kkkkk.

Se toda criança corre e acaba caindo e se machucando, por que a criança cega não pode correr porque senão vai se machucar? kkk.

Eu tive uma vez quase uma briga na escola.

Lembro que um moleque era menor do que eu ainda.

Só ameaçou... Vou te dar porrada!

Na mesma hora eu respondi pra ele pode vir!

APor mim não tenho medo. A única diferença que tenho pra você é não enxergar e vou te mandar a real... Nunca soube de nenhum caso de alguém que usou o olho pra bater. kkkkk.

Eu não sei por que o moleque correu e não voltou mais. kkkk.

Eu nem lembro porque a gente começou a discutir... coisa de criança. kkkk.

Então. eu adorava pipa quando era criança... Exatamente.... Era viciado! kkkkkk.

E também curtia bastante jogar video game.

Exatamente gente.... Eu jogava Video Game.

Sim é possível.... rsrsrsrs.

Nem todos os jogos, mas muitos clássicos do Atari eu joguei. rsrsrs.

E alguns mais atuais da era top game e similares, como Super mario, Double dragon e outros.

Como? rs.

Na verdade o que era o Super Mario?

Era um cenário em cada fase, onde havia obstáculos, buracos, locais onde ficavam os cogumelos, estrelas e tal...

A mesma noção que eu preciso ter para andar na rua, que é conhecer o espaço, era a noção que precisava ter para jogar super Mario.

claro que eu demorava mais a jogar bem o jogo do que alguém que estivesse vendo, mas, depois que eu aprendia, era de igual para igual. rs.

Poli Position do Atari era mais fácil de jogar que o Enduro.

E nos jogos de tiro ou luta, muitos tinham sons diferentes quando você ganhava ou quando vc perdia e uma vida porque era derrotado.

Já nesses ogos para mim era estratégia pura.

Como se tratava de jogos programados, com certeza o computador agiria de uma determinada forma se você fizesse certos movimentos ou tomasse determinada ação.

Então eu tinha que imaginar a ação que o adversário teria se eu fizesse tal coisa e já pensar na reação que teria. Que nem jogo de Xadrez... Você não joga já antevendo algumas jogadas? rsrs.

E nos jogos quando enfrentava um adversário humano era a mesma coisa.

Como estavam vendo a tela e tinham o vizual ali, normalmente agiam no óbvio.

Eu lembro de uma vez que um amigo não levou fé e logo desistiu de jogar, pois pensou uma coisa, montou um regulamento e tomou uma surra minha no Mortal Kombat. kkkkk.

Hoje já existem projetos de jogos acessíveis.

Existe um muito legal chamado defender, que você pode achar aqui:

www.domvirt.net

Nele existem recursos de acessibilidade. Tipo se a nave vem em uma determinada direção na tela, o cego estando com fones de ouvido escuta a nave adversária ou as bombas arremeçadas vindo daquela direção.

É bem inclusivo, pois uma pessoa que enxerga está vendo e o cego ouvindo. rsrsrs. Eu nunca tinha jogado sem nenhuma estratégia.

Agora existem também os chamados audio games.

Pra mim é uma atitude babaca e exclusiva você montar um jogo de corrida de carro que não tem visual e é só som.

Assim como qualquer tipo de jogo. seja de nave ou o que seja.

Porque embora tenha os recursos direcionais sonoros para você ouvir o que se passa, como no
Topspeed as curvas serem anunciadas e você ouvir a direção dos carros, te exclui, uma vez que só te permite jogar com pessoas cegas e já estamos no século XXI, né?

Então, por isso, prefiro os games normais, ou então o defender, onde o Luiz Eduardo foi muito feliz em pensar na inclusão, mesmo sendo cego.

Ele conseguiu criar um jogo com acessibilidade e também pensou no visual.

E era isso por hoje, galera!

Até mais!

2 comentários:

sandro disse...

falaaaaaaaaaaaaaaaa jovem
cara a cada dia que passa vc me surpreende, kkkk.. essa de video game foi otima, abraços

Doidus disse...

Na verdade, além de contar tempo, ações programadas, etc, você pode usar o ritmo das músicas pra jogar os games do tipo Mário, Sonic e afins. Você age como se estivesse em uma verdadeira dança com os dedos! Agora, mais uma dica, embora o jogo seja em Inglês, tem o Terraformers, que até onde eu sei, também tem gráficos e não só áudio, e é 3d, então conforme você vai se direcionando, os objetos vão emitindo sons mais à frente, ao lado ou atrás de você, se estiver com fone. É como aquele arquivo do virtual barber shop, que é um barbeiro virtual bem holofônico, ou aquele holophony, que é uma caixa de fósforo tremulante auditivamente. Isso dá pra dar uma idéia aos programadores de como acessibilizar jogos 3d, sem tirar o visual! Valeu a postagem Carioca e continue assim!

Té mais,
Doidus!