Sobre comentários e respostas a perguntas feitas

Faaaaaaaaala galera!

Minha intenção hoje era postar sobre as aventuras de quarta e ontem, sobre tudo que fiz e emoções, mas como vi... mentira... Vi porra nenhuma... kkkkk. Tá bom.... Mas como não se usa substituição de termos com pessoas cegas, continuo: Mas como vi que nos meus comentários haviam coisas legais e também perguntas a serem respondidas, resolvi então criar 2 posts hoje. O que havia pensado anteriormente e este respondendo e comentando meus comentários. kkkkk.

Olha, primeiro copiei um trecho de um dos comentários e vou colar abaixo. Achei interessante. rs.

Bom, vou continuar lendo seu blog. Você tem email ou perfil no facebook? Se não se importar de me passar. Acho que seria bacana essa troca, já que estou tentando adentrar esse universo dos deficientes visuais. Um abraço. Bruna.

Vivendo e aprendendo!

Nossa! To num universo diferente?

Caramba até agora eu pensava que tava no planeta terra, fazia parte do mesmo planeta, sistema solar, galáxia e universo de todo mundo!

caramba! eu nem vi então que não estava...

Bruna agora você me deixou confuso..

Nunca vi nenhuma nave espacial chegando aqui.

Sei lá se existe...

Já nasci aqui.. Nem sabia até agora que estava num universo diferente, que dirá como adentrar nele. Mas, boa sorte! Kkkkkkkkkkk.

Agora vamos as respostas solicitadas.

Um leitor anônimo que não sei quem é, me perguntou porque sou contra o uso de cão guia.

Na verdade eu sou contra determinadas atitudes que alguns usuários tem com seus cães e não contra a utilização propriamente dita. Acredito também que a lei assegurando seus acessos em quaisquer lugares não exime o cego usuário do bom senso.

Não utilizo cão guia, além das questões financeiras, por alguns motivos.

1. Pego condução lotada todo dia para trabalhar. O que a globo mostrou na reportagem, que era metrô vazio, ônibus tranquilo onde sempre tem espaço e inclusive o repórter veio do meu lado não é a minha realidade nesse ponto.

Naquele dia, por sorte, as condições eram estas, até porque estávamos em um período onde muitas pessoas estão de férias. Mas no geral, entro em condução completamente lotada onde é preciso agilidade e negociação de espaço, malandragem até pra se entrar com a bengala, que dirá com o cão.

Visto que essa situação já é desconfortável para um ser humano que a experimente, que dirá para o cão.

Não estou falando sobre a questão de ele ser treinado para tal ou não. Refiro-me ao bem-estar do animal.

Aliás nisso bato fortemente. Grande parte dos usuários de cão guia à meu ver, pouco se importam com o bem-estar do animal.

alguns chegam a levá-los pra baladas, eventos como Virada Cultural onde o barulho é grande, esquecendo-se de que os ouvidos dos cães são bem mais sensíveis que os nossos. Sério. eles chegam a ouvir uma coisa com amplitude 10 vezes maior que o som ao qual escutamos.

Certa vez debati isso com um usuário e a resposta fo: "O nosso direito de ir e vir está acima de qualquer coisa"!

Aí respondi firmemente: Seu direito de ir e vir também é proporcionado pela bengala e não há necessidade de expor um animal ao sofrimento para garantí-lo.

Outra coisa que não suporto é agir com o cão como se ele tivesse a obrigação de fazer aquilo só porque foi treinado. Inclusive alguns cegos chegao ao ridículo de usar a expressão: "Ele tá trabalhando!

é. que trabalho em! Não existe sequer quem fiscalize as condições nas quais esse cachorro está, inclusive com a questão cuidados e higiene.

Se existe, desculpe falar, mas esta fiscalização não é eficiente.

Outra questão:

O cão não pode perder sua vida de cão.

Precisa de espaço para que possa brincar, correr, em fim, fazer tudo que faria, em momentos que não estão guiando. Mas muitos sacrificam o animal o dia inteiro para no final colocá-lo num espaço mínimo, sem sequer dar espaço na vida pro cão, como levá-lo a algum parque para que possa correr, lugar aberto.

e não justifica pra mim a frase: "Não me sobra tempo"! Se não tem tempo para reservar o mínimo de espaço na vida para o cão, utilize a bengala e pronto.

E pra finalizar, acho a lei que assegura o acesso a cães guia à qualquer lugar de acesso público, em alguns casos, arbitrária e deveria ter pontos discutidos.

Por mim nenhum problema.

Gosto muito de cães. Tanto que coloco o bem-estar deles acima de qualquer cego que os utilize como guia apenas por status. Vejam bem: Eu não estou afirmando que todo cego usuário de cão guia o faz por status. Estou citando essa parcela porque eu sou definitivamente contra eles e não contra os cães ou as pessoas que fazem uso consciente do recurso.

Porque arbitrária?

Quando eu asseguro que um cego pode entrar com um cão guia em um restaurante, por exemplo, esqueço de um detalhe:

Além de existir aquelas pessoas que gostam de animais, temos também aquelas que tem fobia a cães. Tive uma namorada uma época que sofria disso.

O cachorro que eu tinha na época percebeu e adorava sacanear ela por causa disso. Mas que instinto em! Dizem que os cães puxam os donos. Por que será que o Pingo era sacana desse jeito? kkkkk. Não entendi. kkkkkk.

ao mesmo tempo que o cego deve ter o direito de ir e vir, uma pessoa que tenha fobia deveria ter o direito de não estar na presença do objeto de seu medo. Nem vou questionar o fator tratamento ou não, porque mesmo que ela faça, isso não se cura de uma hora para outra.

Uma coisa é ela se deparar com um cão na rua e ele passar. Outra é ela estar numa mesa próxima ao usuário e durante toda a refeição estar na presença do animal.

Outra coisa: Taxistas são obrigados a transportar cegos com cães guia.

eu não posso também, obrigar ninguém a gostar de animais. Tem gente que não levaria nenhum animal em seus carros e acho que é um direito delas.

Então é este meu ponto de vista.

A segunda pergunta que me fizeram é sobre a minha opinião quanto à cotas para PNES.

em primeiro lugar, odeio o termo portadores de necessidades especiais, portadores de deficiência ou qualquer termo fresco desses. kkkkk.

Eu não ando portando nada por aí a não ser documentos, celular em alguns casos e a minha bengala. kkkkk. Sou apenas cego. kkkk. Já até falei sobre isso no blog.

Quanto às cotas propriamente ditas, vejo por 2 ângulos:

No pessoal, sou contra. Acho que cota é sinônimo de atestado de incapacidade. dá aquela impressãodo só entrou porque tem a cota.

Por outro lado, se ela não existisse, devido à mentalidade da nossa sociedade, nunca uma empresa daria uma oportunidade para que a pessoa demonstrasse sua capacidade.

O esquema que hoje funciona para que se entre num órgão público através de concurso eu acho justo, pois para ingressar é necessário ser aprovado e, os próprios editais dizem que se não existirem candidatos aptos, a vaga será distribuída a alguém sem .. sei lá... qual tipo de termo ridículo eu uso dessa vez tá..... sem deficiência vai....... Vou usar o termo deficiente mesmo.... Odeio o politicamente correto!

aí acho justo pois isso assegura nossa participação no estágio probatório, onde podemos mostrar a capacidade em realizar o trabalho esperado, podendo ser eliminados no caso de não atendermos as espectativas.

Além da pessoa com deficiência ter de mostrar já sua capacidade no primeiro momento, pois só participará do estágio probatório quem for aprovado e chamado, respeitando as mesmas normas comuns a todos os candidatos.


No tocante às empresas privadas, não concordo com a maneira que algumas empresas conduzem, contratando pessoas apenas para cumprir cotas, não avaliando resultados.

Isso acarreta na contratação de pessoas não qualificadas, piorando mais ainda nossa imagem.

se o primeiro portador de deficiência contratado por uma empresa não for um bom profissional, como as pessoas tem o hábito de generalizar, a conscientização de que somos pessoas normais ficará muito mais difícil.