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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Adaptação com exclusão. Discriminação camuflada.

Faaaaaaaaala galera!

Estou aqui para mais uma postagem.

Sei que essa semana estou sumido daqui. É a correria.

Mas, to ligado no que acontece.

Ontem rolou a abertura das Paralimpíadas.

Olha........ O futebol de cegos provavelmente vai jogar.. E olha.... Eles tem uma grande vantagem sobre a seleção que jogou as últimas olimpíadas.

Se perderem, poderão dizer que literalmente, nem viram a cor da bola! kkkkkkkkk. Aí... Já tem a desculpa pronta.

Mas não é disso que venho falar hoje.

Felizmente, vensurgindo novas possibilidades para que proporcionam acessibilidade em eventos culturais.

Isso, desde acessibilidade no acesso aos locais por parte de cadeirantes, adaptações para que cegos percebam tatilmente o que está exposto. Ainda está longe da quantidade ideal, mas já é uma realidade.

Aqui em São Paulo, destaco uma exposição no Museu Do Futebol, outra no Cinesesc representando em alto-relevo cenas de clássicos do cinema nacional e a Pinacoteca.

Aliás, quem vier a São Paulo não pode deixar de visitar a Pinacoteca. rs.

E porque destaco esses 3 lugares?

Os dois últimos, porque estive lá. rs.

O primeiro, porque adoro futebol, mas infelizmente não pude comparecer no período da mesma.

Só posso parabenizar tais iniciativas, pois dão acesso à cultura para todos, sem excluir.

Aliás, estamos vendo a mesma exposição que vocês, visitantes não cegos. rs.

Não fiquei maluco... Calma..... kkkkkkkk.

É isso mesmo... Estamos vendo a mesma exposição.

E porque eu insisto em dizer que vi, se não vejo pora nenhuma?

Seria para exercitar meu lado Forrest Gump? não. kkkkkkk.

É pra tocar num ponto interessante.

Muitas pessoas se constrangem e acham terríve soltar a frase, mesmo que sem querer:

Você viu tal filme? Viu o jogo ontem?

É........ Isso nada mais é do que, mesmo que inconsciente, preconceito por parte de quem falou. Daí fica querendo corrigir depois como se tivesse cometido o maior pecado do mundo.

Já disse aqui.... Não se usa substituição de termos para pessoas cegas, nem com pessoas com qualquer outro defeito de fabricação. kkkkkkkkk.

Tem gente que nasce sem coisas funcionando.....

Ou nasce cega, surda, aleijada ou sabe lá o que for e não tem qualquer possibilidade de recall. kkkkkk. e daí?

E aquelas que não nasceram mas ficaram depois, já era.... Perdeu a garantia........ kkkkkk. Não tem troca, devolução do item com defeito, nem nada.......... Se vira. kkkkk.

Se não há substituição de termos, eu vi a mesma exposição que você e não me enche o saco! kkkkkkkk.

Mas em vim:

Pode ser até que estejamos na tal exposição ao mesmo tempo.

Isso é legal... Além da acessibilidade, há inclusão.

Então..... ei........ Ajuda o ceguinho a atravessar a rua perto da exposição, tá? kkkkkkkkkk.

Agora existem situações..... Rs.

Muito se fala em turismo adaptado.

O conceito é interessante.

Muitas vezes em viagens, os locais turísticos não oferecem acessibilidade, seja por barreiras geográficas ou por qualquer outra coisa.

Lembro-me de uma vez na qual quase me queimei no chuveiro de um hotel, porque havia um papel com a instrução de que se deveria, das duas torneiras, abrir primeiro a fria e depois a quente.

Sim. E qual sinalização havia para diferenciá-las? Nenhuma.

Como estou acostumado a viajar e, prevendo que isso poderia acontecer, abri o chuveiro, mantendo meu corpo bem afastado de onde o jato cairia e só senti o vapor decendo. kkkkkkkkkk.

Detalhe. Eu não li tal papel por motivos óbvios e logicamente, nenhum funcionário foi comigo ao quarto para mostrar algo de tamanha periculosidade. rs.

Mas, o grande problema do tal turismo acessível é quando o acessível vira antônimo de inclusivo.

Existe uma agência de turismo em São Paulo chamada Econotour, a qual eu espero, sinceramente estar enganado com relação a ela.

A impressão passada não é nada legal.... Pelo menos para mim.... Sei lá.

Vieram com umas tais de viagens acessíveis e criaram, inclusive, um site exclusivo para isso.

conheça o site viagens acessíveis.

Nota-se facilmente que esse não é o site oficial da empresa.

conheça o site oficial da Econotour.

Se acessarmos os 2 sites e fizermos uma comparação, até cego vai ver o seguinte: rs.

1. O site oficial não é acessível.

Aí já ocorre a primeira exclusão.

O site que o cego vai acessar é diferente do oficial da empresa. Mas, isso não é tão agravante quanto o segundo ponto que vou abordar.

2. Acessando o site Viagens Acessíveis, não encontramos todos os pacotes de viagens disponibilizados no site oficial da empresa.

Descobri isso quando acessei o tal site procurando uma promoção de pacote que recebi por e-mail e não encontrei.

A impressão que eu tenho, infelizmente e espero claramente estar errado, é que existe uma divisão.

Os tais passeios acessíveis, que dão a entender serem voltados para um grupo específico.

Gostaria inclusive de saber se esse tal grupo, pelo menos contempla a todos que precisem de algum auxílio como cegos, cadeirantes em alguns casos, etc, ou apenas a um desses grupos.

Outra bola fora caso a segunda opção seja a afirmativa correta. fora inclusive do estádio. Passou muito mais longe.. kkkk.

E do que você está reclamando?

Podem me perguntar nesse momento:

De nada!

Afinal nada posso afirmar. Apenas exponho as impressões que me são passadas, que, sinceramente, me desanimam em comprar qualquer pacote que seja.

O que eu acho ser ideal?

Poder comprar qualquer pacote oferecido pela empresa e que, no caso de atendimento por um funcionário da agência de turismo, ser atendido primeiramente como cliente e, em seguida, quando necessário, prestado o auxílio decorrente do fato de eu ser cego.

Vamos citar algumas companhias aéreas.

avianca.... Show de bola!

Todas as vezes que viajei pela Avianca fui bem atendido, primeiramente como cliente, não fiquei na mão e como sabemos, ninguém compra passagens aéreas exclusivas para cegos ou para qualquer outro tipo de deficiência.

Se compra a passagem, avisa sobre o auxílio para embarque que precisará, um funcionário te auxilia mas em primeiro lugar como um cliente de qualquer vôo.

Não existe diferenciação quanto ao lugar na sala de embarque, quanto a nada. Em todos os momentos, nos sentimos como passageiros comuns, tendo o atendimento necessário.

Espero sinceramente estar enganado e que a Econotour, assim como outras empresas que prestem ou pensem em prestar os serviços de turismo acessível, sigam esse exemplo e, porque não, aperfeiçoem cada vez mais a idéia.

Sinceramente, uma empresa que me sugira passeios específicos, formando provavelmente guetos entre cegos ou entre qualquer minoria, nunca fará com que eu me sinta cliente dela.

Volto a afirmar. Não acuso a Econotour de exclusão e de preconceito camuflado e inconsciente. Mas infelizmente, é a impressão que me passa e disso, não tenho como fugir, pelo menos por hora. rs.

Sim. Podem haver cegos que não dão a mínima para a inclusão, que não ligam para isso, até gostam e provavelmente vou tomar porrada como já tomei ao citar atividades não inclusivas aqui.

só lhes digo o seguinte: "Posso não concordar com nada do que diz. Mas defenderei até a morte o direito que tens de dizer."

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