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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Ofensas ou não?

Faaaaaaaaaaaaaaaaala galera!

Esse post é meio confuso.

Afinal eu ofendo ou não. Não ofendo. Ou será que sim?

Tudo depende do ponto de vista. Mas eu sou cego. sei lá.

Bom, vou logo dizer o que eu to querendo.

Quem lida com o público sabe que podemos nos deparar com vários tipos de situações.

Uma vez no trem. Não tinha lugar.

eu normalmente não peço, também não curto a ideia de que alguém o faça. em fim: estava posicionado no trem tranquilamente.

daqui há pouco vem um sujeito com a voz grave, brava.

A! Não tem lugar pra você, pera aí! Tomou a bengala da minha mão antes que eu pudesse fazer qualquer coisa e eu já pensando: Ai minha bengala! Se ele quebra eu to fodido! Era a minha preocupação.

O que ele fez com a minha bengala na mão eu não vi, mas daqui há poucos segundos ele vira e fala: Pronto jovem! Sente aqui. Vocês teriam coragem de dizer que já iriam descer, ou que não precisava? Bom eu não tive. kkkkk. Afinal minha bengala ainda tava na mão dele e..... Bom... Sei lá o tamanho dele, força e tal.... É melhor sentar rs.

Agora o mais comum:

As pessoas se sentirem ofendidas pelo simples fato de você não aceitar que elas te atrapalhem. Quer dizer: Te ajudem... Ou melhor: Sei la´.... Elas acham que estão te ajudando.

Em fim:

Sei lá.

Tudo bem que tem pessoas cegas que são orgulhosas, tratam mal quando ajuda é oferecida, mas tem pessoas que não adianta a forma que você fale. Elas se sentem ofendidas e pronto.

Outro dia no metrô.

quando saio para o trabalho, meu percurso de metrô é de apenas duas estações.

Então, acho mais prático do que me sentar, me posicionar no corredor, mais voltado para a porta que abrirá na minha estação de destino. Usando o corredor como o metrô indica, no entanto já com deslocamento fácil para a porta.

Assim fiz isso numa bela manhã.

Uma senhora chega: senta aqui!

Tento explicar com toda calma:

Senhora, muito obrigado. Mas é que eu já vou descer.

De qualquer forma muito obrigado pela ajuda.

Escuto de repente: a é? Então fica a vontade! A gente quer ajudar e ainda n quer? Se vira aí!

Nossa! A gente vem com toda boa vontade.
E eu aprendi que não adianta tentar argumentar. se você é cego, anda sozinho há pouco tempo e passar por uma situação dessas saiba que:

1. Se você for ficar chateado toda vez que isso acontecer você não vive.

2. se você argumentar é pior. só analise se você realmente não falou com um tom ríspido para tentar melhorar ou o que seja.

Mas o fato é que eu fiquei ouvindo durante o percurso inteiro. Isso se ela não continuou falando depois que eu desci.

daí ela: É por isso que eu não ofereço ajuda! Nossa! A gente tem a educação antiga de sempre ajudar.... aí eu penso:

Gente, mas que drama! Caramba tudo isso porque eu não sentei! Eu até agradeci! Não to entendendo nada!

E até agora não entendi mesmo.

Agora essa aconteceu ontem:

Por mais corrida que esteja minha vida, quando alguém tenta me ajudar utilizando um procedimento errado eu procuro parar, explicar com jeito. Tipo: se eu te der um toque você não fica chateado? E tento explicar da melhor forma.

A história do segurar no braço vai voltar... Porque é ela que normalmente se repete.

Muitas pessoas, quando você explica até falam: Po, desculpa! Eu não sabia. daí eu digo: Po normal! A maioria não sabe. Mas cabe à gente explicar.

E tudo termina da melhor forma.

Mas calma: Não é sempre assim.

Já expliquei aqui que, ao tentar guiar um cego, você deverá passar na frente dele e deixar que ele segure seu braço, na altura próxima ao cotovelo. Alguns poderão preferir o ombro.

Tudo bem.


Mas devido a idéia de proteção, ao ver um obstáculo, principalmente degrau as pessoas querem tentar segurar. Não estando muito em cima ainda dá tempo de você parar e segurar.

é engraçado que as pessoas seguram e falam: Pode ir!

Aí vai o tato: Senhor, na verdade.... É que como o senhor está segurando o meu braço eu não tenho referência, inclusive para descer o degrau que tem aqui na frente.


É bom ou melhor eu pelo menos acho interessante você passar pra pessoa inclusive que você conhece bem a situação que está ali, pra ficar mais fácil a compreensão.

Muitos compreendem.

Agora vamos ao que aconteceu ontem: De vez em quando você passa por uma dessas.

Desço do ônibus.

Mas de boa. Costumo pegar no mesmo lugar e normalmente já não tenho problema, já que muitos já me conhecem por viajar sempre juntos e já sabem os procedimentos. daí não passo tanto por tentarem me segurar na hora de sair do ônibus e tal.

Desço no ponto próximo à minha casa.

Pouco a frente tem um degrau.

O motorista de um ônibus que estava parado enquanto eu passava, pede para uma senhora que estava próximo, verificar se eu precisava de ajuda. Realmente eu ia precisar. Tinha uma rua para atravessar.

A abordagem. O degrau próximo e ela simplesmente segura no meu braço.

Parei e repito aquela frase que falo pelo menos umas 10 vezes no dia.
Senhora. teu um degrau aqui na frente e como a senhora está segurando no meu braço eu não vou conseguir descer. Podemos fazer o contrário? A senhora passa na minha frente e eu seguro no seu braço? Fica melhor. Inclusive eu vou precisar de ajuda para atravessar a rua.

A moça soltou meu braço.

Procuro o braço dela e... Ué, cadê?

Continuei andando... daqui há pouco o motorista:

Ué, dá pra ele ir sozinho?

só escuto a resposta: Ah! Ele me xingou ainda!

gente..... Bom.... Não entendi...

Gente... Será que com essa reforma ortográfica que entrou em vigor agora, alguma palavra da explicação acima virou palavrão e eu não sei?

Me expliquem por favor! rsrsrsrs. kkkkkkkkkkk.

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