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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Viajando na maionese parte II

Faaaaaaaaala galera!

Vamos ao viajando na maionese parte II, contando duas situações muito interessantes.

As referências do cegos são imaginadas de várias formas por quem enxerga.

Algumas são facilmente explicadas. Outras, por mais que tentemos explicar como sabemos que estamos em tal lugar, é fácil saber, mas difícil explicar. rs.

Bom a primeira história aconteceu num ônibus, quando eu vinha para o trabalho.

Chegando no ponto onde eu desceria, levantei do banco onde estava sentado, dirigi-me ao cobrador e avisei que desceria no próximo.

Nesse momento, começa uma discussão dentro do ônibus.

Mas como ele sabe que chegou no ponto dele? Será que ele conta os pontos. O outro. Acho que não. Porque se o motorista não para em algum... Quando eu ouvi isso pensei. é, esse tá no caminho certo. daí a moça:

Ué como ele faz então? O outro não sei... Só se ele presta atenção nos movimentos do ônibus. curvas, daí ele deve ter mais ou menos o mapa na cabeça do trajeto que o ônibus faz... Aí eu pensando. è, bem inteligente!

A moça: A mas não é possível! Será que tem como? E eu querendo rir. O Cara. Não sei. Talvez não seja isso. só me passou pela cabeça... Ué mas como será então?

Agora é engraçado que a discussão rola meio que. Tipo... Não dá pra entender.

A discussão seria muito menor com uma atitude bem simples. Me perguntar. rs.
Claro. Entendo que algumas pessoas não conseguem lidar com a situação e ficam com receio de perguntar. Mas o que eu acho engraçado é que conversam sobre o assunto naquela de: Não vou perguntar porque não sei a reação. Vamos só deduzir entre a gente. Mas falam alto dentro do ônibus como se o cego também fosse surdo e não estivesse escutando! rsrsrs. Olha a contradição!

A mas deixa eu então desvendar.

Na verdade com o tempo que fazemos determinado trajeto, desenhamos na mente um mapa. Isso em qualquer lugar. Rua, dentro da nossa casa, ambiente de trabalho.

Evidentemente que com uma condução será assim também. Daí você só precisa prestar atenção para acompanhar o trajeto feito com o mapa que você tem.

Ou seja o senhor embora não estivesse seguro disso, estava certo.

Agora em casos de mudança de trajeto por fuas fechadas e tal, ao perceber a mudança existem duas situações. Se for numa região que você conheça bem, como por exemplo onde mora e você consiga identificar em que rua o ônibus entrou, beleza. se não, ou mesmo que você identifique saiba que haja mais de um caminho possível e que te deixará talvez não no mesmo lugar, porém próximo, é conveniente perguntar ao motorista o que ele vai fazer. assim como qualquer pessoa faz. rs.

Como sempre, deixo a mais engraçada para o fim.

Minha admissão no trabalho. Comecei a coletar informações do tipo: Onde fica o ponto de ônibus para eu voltar, se é mais rápido eu ir de ônibus ou Metrô, visto que vim de metrô e caminhei uns 15 minutos até chegar.

Daí um recém colega de trabalho, que hoje é amigo, disse:

Eu vou contigo até o ponto. daí você aprende.

Como ele estava me guiando, peguei o caminho só que por não estar usando a bengala rastreando não achei uma referência que pudèsse me fazer notar que cheguei, ou que estava bem próximo. sabia que atravessava e caminhava um pouco, mas ainda não dava pra mentalizar a distância com apenas uma vez. Hoje eu sei. Foi só ir a primeira vez sozinho que localizei a referência que precisava.

Mas em fim:

Comentei com ele isso.

No dia seguinte ele chega todo feliz:

André! achei a referência pra você.

eu pensando.. Ai meu Deus!

Então... É o seguinte:

Quando você atravessar, vai caminhando na direção. conta 72 passos que você já vai estar no ponto....

Eu não me contive... comecei a rir...

Cara, e vc acha que eu ando na rua contando passos?

Ele respondeu.. Po mano! Tive tanto trabalho pra contar os passos!

Eu até hoje imagino a sena.

Ele indo, contando, perdendo a conta, voltando, contando de novo...

Sem contar que o passo dele não é necessariamente igual ao meu né? rsrsrsrsrsrs.

Gente, volto em breve!

Tchau!

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